Cristianismo Humano

Porque ninguém está falando sobre isto?

Por que ninguém quer questionar o sistema?

A resposta é simples. Todos estão cegos e surdos para a verdade, para o Evangelho do Senhor e não conseguem ver nada de errado.

Então, aqui, eu vou questionar!

Vou questionar, não somente por questionar, mas porque temos de pôr à prova tudo neste mundo, principalmente, quando suspeitamos que alguma coisa não está certa, quando não monta o quebra-cabeças.

Para podermos entender a árvore do cristianismo, temos de descer seus galhos e tronco, até chegar à raiz. Ela representa a árvore do conhecimento do bem e do mal e, portanto, nada tem a ver com a árvore da vida (Gn 2:17).

Isto significa que é preciso fazer um estudo profundo da história das igrejas ou religiões “cristãs”, pois são estas que formam o seu corpo e dão vida a ele.

Aqui faremos um breve relato de alguns aspectos históricos e doutrinários da crença desenvolvida nele, por meio dessas religiões.

É a minha visão e opinião da história. Assim como os historiadores, me dou ao luxo de expor minha leitura dos fatos e registros históricos, sob a minha ótica, minha tendência e influências culturais que formam minha perspectiva.

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A minha primeira pergunta será: o que é o cristianismo?

O cristianismo é um movimento, ou filosofia, que não se encontra na bíblia, porém passou a ser representante das religiões cristãs e da sua religiosidade. Quando se ouve falar o termo cristianismo, o primeiro pensamento que vem à mente não é sobre a pessoa de Jesus Cristo e sua mensagem, mas sobre a igreja Católica e as demais religiões protestantes. Raramente vemos o termo associado às igrejas Ortodoxas de Constantinopla, grega, egípcia, ou copta, e etíope que também são cristãs.

Todo aquele que almeja conhecer a Deus, seja um estudante de teologia, ou não, tem de estudar a história do cristianismo, ou das religiões chamadas de “cristãs”. Ao fazê-lo, vai depara-se com uma intrigante e desconcertante verdade que, por razões adversas, acaba não aderindo. Esta verdade é que o cristianismo é apenas uma filosofia religiosa formada pelo sincretismo de crenças pagãs com os ensinamentos da Torá judaica e escritos apostólicos que acabaram sendo muito mais influentes, na sua estrutura, do que o Evangelho de Jesus.

Embora tenha pretendido apregoar o amor de Deus pelo mundo, ele não foca na vivência deste amor, tal como Jesus ensinou, pois sempre apelou para o controle do homem, ou da mente humana, por meio da credulidade e da religiosidade, como o fazem, igualmente, outras filosofias, tais como o budismo, o islamismo, o judaísmo, o hinduísmo, o zoroastrismo, o xintoísmo, etc.

Estas filosofias tem como estratégia fundamental, a doutrinação do homem por meio do conhecimento desenvolvido pelo homem. A doutrinação se dá por uma forma diferente de atuação, pois não apela para o controle pela força bruta, como o fazem os sistemas autoritários do mundo, a saber, o comunismo, o socialismo, o fascismo e o nazismo. A estratégia de atuação implementada utiliza a manipulação psicológica, emocional e até intelectual. O cristianismo faz uso profícuo desta estratégia.

O cristianismo passou a ser uma filosofia, ou ideologia religiosa e mística ao utilizar a devoção humana para se promover e sustentar. Como filosofia, visa implementar um estilo de vida por meio de uma forma particular de pensar ou acreditar a vida. Como religião, visa fortalecer a devoção mística a um ser superior ou sagrado, devoção esta que é inerente ao ser humano, pelo viés de uma filosofia.

Um estilo de vida é apenas uma forma de se viver, com particularidades de hábitos, costumes, condutas, aspectos culturais, bem como formas e padrões de pensamento bem definidos que o diferenciam de outras formas de viver, ou estilos de vida. São condutas que os indivíduos assimilam, trazem para dentro de si, modelando-os na mentalidade e no comportamento. Invariavelmente, a mudança que ocorre em um aspecto do estilo, geralmente por influência de um elemento proeminente, é disseminada a todos os demais adeptos.

Quem rege as leis do estilo são os elementos de maior influência. Portanto, as alterações na forma de viver do indivíduo acontecem de fora para dentro. Um exemplo clássico são os artistas e desportistas de renome que criam modas e modos de se portar e até de falar, induzindo multidões a copiarem seus comportamentos.

Um estilo ou filosofia de vida oferece atrativos que estimulam os anseios dos indivíduos, mas determinam limites e restrições para que esta não possa ser desfigurada e possa ser autossustentável. A manipulação psicológica, emocional e intelectual é a estratégia principal para a atração e retenção do adepto, ou prosélito.

O cristianismo é um estilo de vida que também procede desta forma. Ele oferece atrativos que estimulam os anseios espirituais e místicos dos indivíduos e delimita hábitos, costumes, formas de pensamento, comportamentos, que são adotados pelos indivíduos, ou até impostos a eles.

As mudanças que ocorreram no cristianismo, e que ainda ocorrem, foram determinadas por influência de pessoas, grupos e instituições que detinham o controle da maioria, pela sua alegada proeminência. Este controle sempre foi pela força ideológica, filosófica e até bélica. Pessoas, grupos e instituições influentes promoveram mudanças de acordo com as suas necessidades e interesses, chegando a desvirtuar o seu próprio fundamento, ou seja, a mensagem do Cristo. O atrativo que dissemina é o bem-estar material e espiritual do indivíduo, com foco na crença do Deus de Israel e do seu Filho Jesus, bem como na realização de rituais e celebrações.

Eu pergunto: qual indivíduo não quer ou não busca pela felicidade e bem estar espiritual? Quem não quer sentir que está bem com Deus?

Os limites e restrições que o cristianismo apresenta acabam cerceando a liberdade de ser daquele que o aceita, levando-o a se submeter à perda da liberdade, em troca de benefícios de natureza material, moral, promocional e espiritual.

A submissão, por si mesma, demonstra a natureza agressiva e opressora do cristianismo, pois submete o adepto à uma transformação que ocorre de fora para dentro do ser. Se o indivíduo não quiser se submeter ao padrão, ele sofrerá sansões, como rejeição, perseguição e até morte.

O cristianismo, bem como outras filosofias religiosas, utiliza da crença em um conjunto de princípios, conceitos, doutrinas e dogmas místicos. A credulidade do ser humano é o palco de sua atuação. É uma filosofia que invoca a crença em Deus como base de vida para alcançar o bem estar e a felicidade.

No cristianismo não há espaço para a fé, aquela que o nosso Senhor ensinou, porém reforça a devoção por meio de artifícios externos, como rituais, cerimoniais, homilias, celebrações litúrgicas e, principalmente, conceitos doutrinários que substituem a fé, como os mandamentos. Professa divulgar a mensagem de Jesus Cristo, porém estimula o fortalecimento de seus próprios interesses, pela proposta de obediência aos mandamentos de Jesus, segundo a sua concepção, de forma que, pela obediência, o indivíduo possa obter benefícios pessoais e harmonia espiritual.

Em princípio, parece ser uma proposta muito boa, porém a motivação, os meios empregados e a real finalidade não o são.

A história do cristianismo expõe um cenário, como dito acima, intrigante e desconcertante. Sugiro que pesquise e estude a sua história, para poder entender melhor os aspectos que vou abordar.

A minha intenção não é apresentar um estudo exaustivo, mas despertar o questionamento, para que o leitor possa fazer sua análise, em busca da Verdade. Eu não pretendo dar respostas, mas promover perguntas, tais como aquelas com as quais eu me deparei. As respostas virão da Fonte, da Verdade, desde que a pergunta seja sincera e o desejo pela Verdade seja do coração.

O único cuidado que se deve ter é de não ser leviano, pois a Verdade conhece o teu coração, muito mais do que você mesmo. Não subestime a Verdade. Ela é Deus.

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Tudo começou no Pentecostes.

 Por fundamento da fé em Jesus, o Salvador, todo crente é impelido a viver os seus ensinamentos, não por obediência, o que implica em uma abordagem impositiva, obrigatória, contrária à vontade natural do crente, mas por amor, o que implica em cumplicidade, um comprometimento voluntário, de natureza espiritual.

Assim procederam os apóstolos, juntamente com os primeiros irmãos, quando a igreja corporal do Senhor Jesus surgiu entre os homens. Ela foi fruto de um evento que ocorreu na festa judaica chamada de Pentecostes, ou das Semanas.

A manifestação sobrenatural do Espírito Santo de Deus tomou conta da casa onde mais de cento e vinte pessoas se encontravam. Este desceu em forma de línguas de fogo, sobre cada um deles, e os encheu da sua virtude. Eles foram revestidos de poder. Foram perdoados, regenerados e santificados pela presença no Senhor, neles. Deixaram de ser o que eram e passaram a ser o que o Senhor era.

A atmosfera de renúncia a tudo deste mundo, de entrega plena de suas vidas ao propósito do Evangelho do Salvador Jesus e da comunhão espiritual entre eles, no viver diário, eram as evidências da presença do Espírito e do amor de Deus neles (At 4:32-35).

Naqueles dias, muitos foram convertidos à fé em Jesus, pela mensagem do Evangelho, pregada com o foco central na ressurreição do Senhor, acompanhada da confirmação, pela mão do Senhor, por meio de curas, sinais e prodígios (At 4:33).

Esta era a original, a legítima, a inédita, a singular e verdadeira Igreja do Senhor Jesus, aqui na Terra. Embora seja chamada, erroneamente, de primitiva, na boca dos crentes nominais, ela não tem nada de primitiva, mas sim, de original e plena. Ela foi, e ainda é, a única referência que dispomos da verdadeira Igreja do Senhor. Todas a demais que sucederam dela foram distorcidas e contaminadas.

Ela iria multiplicar o alcance da mensagem de Jesus e crescer em número, em cumprimento ao mandamento do Senhor instantes antes de subir aos céus (Mt 28:19).  Amém?

Não, prezado leitor. Não era este o propósito do Senhor. Não era o crescimento numérico que iria levar em frente o Evangelho de Deus. Era o Seu Espírito que iria proclamar o Evangelho e multiplicar o Seu alcance, nas bocas e nas ações sobrenaturais dos que creram e dos que viriam a crer, em vez do número destes.

 O crescimento numérico, ênfase que podemos ver já nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos, não foi a medida do Espírito Santo (At 2:41; 4:4; 5:14; 6:1; 11:21). Foi a ousadia, a confiança que o Espírito dava aos crentes, como Pedro, Estevão, Filipe e Paulo, e a manifestação de poder do Espírito, prova da ação divina. Não era uma medida material. Era uma medida espiritual. Não dependia de nada material, apenas dos Espírito Santo.

Percebe onde começou o triste erro daqueles que foram chamados de “cristãos”?

E parece que até hoje, estes permanecem no erro, não entendendo o Evangelho. Jesus claramente anunciou que seriam poucos, muito poucos, aqueles que possuiriam fé nele, ao se referir a um número e a um tempo futuro (Lc 18:8).

No princípio da divulgação da fé em Jesus, ela era pura e genuína e o Espírito Santo trabalhava, alcançando e salvando as almas, por meio do testemunho e do poder nos convertidos.

A perseguição deflagrada contra os adeptos desta fé não os fazia desanimar. Tornaram-se fugitivos e exilados, carregando a dor, o sofrimento e morte, em favor de sua fé.

Afinal, não era uma crença especulativa numa história ou mito, como a crença em Diana dos Efésios. Era uma crença materializada em obras de fé, a fé de realização do que era impossível ao ser humano. Maravilhas e prodígios que nenhum homem e, tão pouco, deuses existentes eram capazes de realizar, a não ser o grande Deus verdadeiro. Era a prova de que a mensagem era verdadeira, de que estavam no caminho da Verdade, realizando a Vontade de Deus. A natureza da prova era tal que era quase impossível não crer.

Com tamanha demonstração da aprovação divina eles não podiam, simplesmente, trocar de lado, apenas porque era imposto por homens.

Nenhum discurso podia convencê-los de que estavam errados ou perdendo seu tempo com fábulas. Nenhuma força era capaz de faze-los negar a sua certeza, pois era muito mais do que uma crença histórica. Era fé genuína.

Eles conheciam e experimentavam diariamente a presença real do Deus vivo. Eles sentiam o gozo da santificação, a paz interior superabundante, a flagrância do amor que emanava na presença santa do Senhor. O Senhor estava com eles e neles. Esta reação é a mesma do patriarca Abraão que, depois de ter um encontro com Deus, descartou completamente os falsos deuses pagãos.

Muitos crentes morreram pelo nome de Deus, devido ao domínio bélico e estatal do império romano e pela arrogância dos falsos irmãos de fé cristã-judaica.

Aqui temos um novo ponto a notar.

O cristianismo não surgiu de repente, como um movimento liderado. Ele veio crescendo gradativamente, sem liderança definida, aos ventos da apostasia que se infiltrava, na surdina, no dia após dia da igreja original.

Temos de lembrar que já na época dos apóstolos, a apostasia estava se alojando entre os irmãos, por meio dos irmãos que insistiam na prática do judaísmo.

Ela já se fazia presente na época de Paulo (1Co 1:10-11; At 21:18-26). No Apocalipse de João, ele relatou sobre (Ap 2:4,9; 3:9).

E a apostasia cresceu ainda mais e foi desvirtuando a mensagem pura do Evangelho. Se havia a apostasia, esta era o sinal de que a mensagem do Evangelho já não era mais pura. Consequentemente, a prova do poder do Espírito já não se fazia presente, porque este desaprova e condena a apostasia.

Apostatar significa desviar do caminho original. Aceitar a modificação, a alteração. Deixar-se ser influenciado por atrativos diferentes do original. Conformar-se com a tendência geral, comum que é aceita e valorizada pela maioria. Deixar de valorizar a forma original, o padrão, a essência e olhar para o lado, para o que está sendo proposto, oferecido, recomendado, exortado como sendo viável e melhor. Buscar e promover a conformidade e convivência com padrões que, embora diferentes do original, parecem inofensivos, aceitáveis e até adaptáveis.

Era o que estava acontecendo na igreja original e a ausência do Espírito não foi percebida porque, gradativamente, com o passar dos anos, foi substituída, ardilosamente, pelos atos religiosos da fé judaica e do paganismo romano.

Em palavras claras, a unção e o poder da presença do Espírito foram substituídos por rituais e preceitos judaicos conjugados com rituais de devoção a deuses pagãos. Isto foi o que aconteceu com os irmãos em Roma, de Corinto, de Éfeso, de Antióquia e assim por diante.

O Espírito revela a Paulo esta situação e já no início de sua carta aos romanos ele declara abertamente esta tendência (At 1:18-32; 2 em diante).

Voltando-nos para os irmãos em Jerusalém, vemos um cenário bem parecido, onde os preceitos da Lei judaica influenciavam grandemente a mensagem do Evangelho de Jesus. Os irmãos que “pareciam mais importantes”, temiam a repercussão da pregação do original Evangelho do Senhor no meio judaico, haja vista o levante que culminou na prisão de Paulo.

Este teve de se sujeitar a procedimentos de purificação judaicos para poder ser bem recebido entre eles, por sugestão destes irmãos proeminentes. O pior é que Paulo, pela alegação de ser judeu, aceitou esta situação constrangedora e leviana (At 21:26).

Com a destruição de Jerusalém, ano 70 d.C.[1], acabou sucedendo a diáspora, ou a dispersão do povo judeu. Não importava mais se eram “cristãos” ou não. Todos os judeus tiveram de fugir da Judeia e se infiltrar em nações ao redor. A perseguição romana foi implacável e muitos judeus tiveram que se refugiar em nações que não estavam sob o domínio romano. Os cristãos, também fugiram, mas, por não se oporem às atrocidades dos perseguidores, eram presas fáceis.

Neste momento da história, os apóstolos já haviam falecido. O último deles, ainda vivo, era o apóstolo João que, “por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus”, se encontrava na ilha de Patmos (Ap 1:9).

Foi a época dos flagelos nas arenas romanas, por determinação do imperador Nero, da diversão do paganismo, da glória do mundo.

Por que estes primeiros crentes não abandonaram suas crenças para escapar do terrível fim que os esperava?

Fé, caro leitor, fé verdadeira e não, crença. Eles não eram crentes nominais. Eles eram crentes verdadeiros no Senhor Jesus, quem os salvou da morte e lhes garantiu a vida eterna pela presença e ações do seu Espírito. Eles estavam nele e nada temiam, até mesmo a morte. Pelo contrário, a morte tinha o sabor da vitória, da libertação do mundo e significava o retorno ao seio do Pai.

Eu pergunto: você vê esta conduta de fé nos dias de hoje?

Guarde consigo a resposta.

A história registra a perseguição acometida aos crentes verdadeiros. Aos que eram falsos crentes, ou apenas crentes conforme a onda, a história nada registrou. Eles passaram para o outro lado. Eles temeram por suas vidas. A sua crença não era digna, não valia o preço da sua vida. Estes são os que eu chamo de crentes nominais, pois só são cristãos quando está tudo bem.

Observe que, às vezes, uso a palavra cristão, entre aspas. Deixe-me explicar rapidamente o porquê.

“Em Antióquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11:26). Observe que eles foram chamados assim, pelos de fora. Isto significa que eles não tinham chamado a si mesmos de cristãos. Até então, não precisaram e não sentiam a necessidade de serem conhecidos, ou identificados, por um termo em particular. Por isso, não o tinham. Considere, também, que eles buscavam dirigir o foco da atenção do povo, não para eles, como pessoas, mas para a mensagem e o mensageiro Jesus.

O rei Agripa também usou este termo para com Paulo (At 26:28). Na perseguição de Paulo aos crentes, a mensagem dos crentes era conhecida como o Caminho (At 9:2), e Paulo mesmo a reconhece como (At 22:4). Em Corinto, a mensagem também foi chamada de o Caminho (At 19:23). Na presença de Félix ela foi mencionada como seita dos nazarenos, à qual Paulo chamou de o Caminho (At 24:5, 14, 24). Portanto, se os primeiros crentes em Jesus não precisaram adotar um termo social, ou comum, para serem identificados, entendo que não se deva utilizar qualquer termo, social ou religioso, para os identificar. Chego a questionar se o termo cristão não foi utilizado de forma pejorativa, em Antióquia, como sendo um termo de desprezo, de chacota ou discriminação ao grupo dos crentes em Jesus. Pela comoção que deu origem a este termo, tudo indica que os crentes anunciavam abertamente, com ousadia, a salvação no Cristo Redentor, de forma que o grupo e o nome de Cristo, se fez notório.

Por outro lado, Deus, nosso Senhor e Salvador, nos disse como deveríamos ser chamados: “serão chamados filhos do Deus vivo” (Os 1:10; Rm 9:26; Jo 17:6,26).

Temos recebido um nome, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos que nos é bastante suficiente para sermos, também, chamados ou conhecidos: “em nome de Jesus Cristo” (At 4:10,12). Esta é a razão pela qual eu faço distinção entre aqueles que são denominados “cristãos”, o sendo crentes nominais, e os que são cristãos, de verdade (sem aspas), crentes verdadeiros em Jesus, o Salvador. Portanto, entenda que “cristãos”, entre aspas, é a forma que me refiro aos crentes nominais.

Os anos se passaram e a influência da lei judaica formou raízes na que, outrora, era a igreja original. Esta adotou os rituais e procedimentos judaicos, formalizando uma liturgia e um credo. Ela incorporou eventos e festas pagãs, sincretizando a sua crença. O embrião do cristianismo tomou corpo.

Havia uma certa paz na prática religiosa, pois buscava-se viver em paz com o paganismo e evitava-se o confronto com o poder do império. Apesar das poucas perseguições por parte de facções pagãs, este movimento crescia e se fortalecia.

Não era mais a igreja original, a genuína. Tinha se tornado uma igreja que crescia numericamente, muito devota, mas vazia espiritualmente. Tinha formado um corpo eclesiástico, com lideranças espirituais. Podia moldar sua doutrina conforme seus interesses, pois era a única que tinha a posse das Escrituras judaicas e de alguns originais que viriam a compor, no futuro, o Novo Testamento. Considerava-se a sucessora da igreja original e, portanto, a única que podia possuí-los e interpreta-los, segundo a sua concepção que, geralmente, era em favor de seus interesses e conveniências.

Por volta do ano 300 d.C., o imperador Constantino “se” converteu à igreja cristã romana. Esta e o império se uniram e o Estado passou a ser “cristão”. Uma religião surgiu, formalizando e oficializando a igreja Católica Apostólica Romana como a igreja oficial do Estado romano. Todos do império tinham de “se” converter à esta igreja oficial. Nasceu então o movimento estatal da igreja cristã, onde o seu líder maior era o imperador, o papa. O cristianismo havia acabado de nascer.

Para atender aos interesses de riqueza e poder, a igreja, agora com a proteção e a força do império, cobrava o dízimo de todos, indistintamente. Criou a venda de perdão de pecados, conhecida como venda de indulgências e penitências. Mais à frente, passou a perseguir a todos que se opunham à sua doutrina religiosa, considerando-os como hereges e, como tal, merecedores de castigos e morte.

Era a inquisição oprimindo a ricos e pobres que se revoltavam contra a igreja ou eram acusados de praticar cultos pagãos, chamados de bruxaria. Bastava uma falsa denúncia e muitos crentes discordantes da igreja eram mortos, inocentemente, sem o devido julgamento, ou sob um julgamento parcial.

Com a invasão islâmica a Jerusalém, o estado religioso criou a guerra santa, chamada de Cruzadas, onde muitos inocentes perderam suas vidas, em nome, e pela causa da igreja, ou pelas promessas de perdão dos pecados.

Por volta do ano de 1520 d.C., no reinado germânico, o protestantismo surge com Martin Lutero e a igreja Católica perde parte dos seus adeptos. A dissidência tinha um preço muito caro, cobrado na forma de perseguição e morte de inocentes que apenas fizeram uma escolha.

Outras divisões ocorrem dentro do protestantismo e assim começam a surgir as religiões protestantes. Embora houvesse maior tolerância, perseguições ainda ocorriam, agora, por causa dos ditames da fé protestante e estes novos convertidos foram obrigados a fugir para terras distantes.

O cristianismo, agora tem um corpo formado, desenvolvido, cheio de vigor e poder de controle. Agora ele começa a procriar e disseminar suas doutrinas por meio de suas crias, as várias vertentes que trouxe às trevas.

Do exposto até aqui, podemos ver que a história do cristianismo foi maléfica para com todos os homens. A Igreja Católica foi a religião precursora, a igreja mãe.

As demais religiões protestantes que se desmembraram da igreja mãe, também promoveram tempos de perseguição a aqueles que se opuseram às suas doutrinas. Morte na fogueira, enforcamento, tortura, aceitação doutrinária por chantagem, foram práticas comuns na história da igreja protestante, principalmente na América.

Se pegarmos a bíblia e a torcermos, com certeza escorrerá sangue, mas não o do Senhor. Será sangue de milhares de inocentes que foram mortos, friamente assassinados, em nome de Deus, para que ela e o cristianismo pudessem chegar até hoje.

O que vemos hoje, não mostra o ontem. A voz do sangue dos inocentes que morreram sob os seus jugos clama desde a terra. O erro, ou o pecado destes foi apenas fazer uma escolha, tomar uma decisão contrária à onda. Com certeza, estes viram coisas erradas na onda corrente, não coerente com a verdade do Evangelho que o Espírito lhes mostrava.

Chegamos ao cenário atual das igrejas protestantes que, agora, passam a ser chamadas, também, de evangélicas. São numerosas as denominações e numerosos os adeptos. Não há espaço nelas para os que se opõe às suas doutrinas. São afastados, isolados, excomungados, apenas por as questionarem. Ainda impera a imposição psicológica sobre a mente humana. O homem escravizando o homem. Por isso, muitos que discordam só tem duas opções: ou permanecer infiltrados, em silencio, com receio de se expor e serem vituperados, ou sair e serem tratados como desviados, “desigrejados”.

Estas denominações criaram o seu clero e promovem suas lideranças ao status de autoridades espirituais. Continuam com a prática do dízimo, cobrando pelo o que é oferecido. São poderosas, constroem patrimônios faraônicos e se estabelecem sobre a riqueza material. Oferecem religiosidade em vez de incentivar a espiritualidade. Se posicionam como intercessores dos homens perante Deus, já que, não participar delas é não fazer a vontade de Deus. Sua hierarquia é remunerada. É composta de cargos como doutores, bispos, pastores, apóstolos, evangelistas, diáconos, mestres, presbíteros, cooperadores, professores, missionários e assim por diante.

A fraternidade substituiu a comunhão. A festa substituiu a reverência. O show substituiu a adoração verdadeira. O interesse amigo substituiu o amor de Deus. O discurso substituiu o poder de Deus. A vaidade torna-se o ídolo. O homem torna-se o objeto de vaidade. O número é a meta. O valor não está na alma, mas na quantidade. Aceita as estratégias do mundo e atrai os leigos pela oferta mundana.

Sucesso e auto estima são vendidos nos discursos. Curas são farsas e promessas marqueteiras. Sugestão coletiva e técnicas hipnóticas são armas de agregação das almas fracas, que não tem o desejo ardente pela verdade que só há em Deus, nosso Senhor. As almas estão enfeitiçadas pelos encantos da cristandade moderna e caminham para o abismo espiritual. Estão completamente perdidas em suas fantasias religiosas. Acham que tem tudo e que não falta nada. São almas desgraçadas e miseráveis e pobres e cegas e nuas (Ap 3:17).

Não se engane, nem se deixe enganar, caro leitor. O cristianismo não é um movimento ou filosofia de Deus. É totalmente humano, para não dizer maligno.

Deus não precisa e não usa de filosofias. Ele é a Verdade e só através da Verdade podemos chegar a Ele. A Verdade não é uma filosofia.

Ele é justo e só através da Sua justiça podemos chegar a Ele.

Ele é santo e só através da Sua santidade podemos estar nele.

Ele é amor e só por meio da manifestação carnal do Seu amor para conosco podemos ir até Ele.

Creia de todo o teu coração na manifestação carnal do amor de Deus, Jesus, o Salvador, e será salvo (Mc 16:16).

Não reescreva o Seu Evangelho, não invente uma adoração, não forje santidade.

Abra os olhos, vigie, e ponha à prova os espíritos.

Não ouça a homens, pois todo aquele que quer falar em nome de Deus é um falso profeta, é um anticristo (1Jo 4:1).

Busque as repostas na Fonte, no Autor do Evangelho, no Espírito Santo que a todos ensina.

É preciso ter ouvidos para o que o Espírito diz.

É preciso ter ouvidos para ouvir o Evangelho (Mt 13:15).

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[1] d.C. – depois de Cristo, ou depois da era comum