Quando eu pergunto para os crentes nominais qual é a vontade de Deus, geralmente a resposta é uma lista imensa de ações e atitudes. Eu não consigo entender de onde tiram tantas coisas para responder a uma pergunta tão simples que o Senhor já nos respondeu.
A única explicação que me vem à mente é que só pode ser resultado do doutrinamento milenar do cristianismo. Sim, porque sempre tivemos, desde o início deste, muitos doutores e eruditos, escritores, pregadores e visionários que, de tempos em tempos, apresentaram uma interpretação aperfeiçoada, mais ampla ou mais completa do que era, ou é a vontade de Deus. Acredito que até você, caro leitor, esteja com uma lista na cabeça.
O nosso Senhor, Jesus, nos conduz para a resposta, de uma forma simples e direta, dizendo que ele desceu do céu para fazer, não a sua vontade, mas a do Pai. Então, declara abertamente, para todos nós, qual era a vontade do Pai. Leia as passagens, medite nelas e o Espírito te mostrará (Jo 6:38-40; Jo 5:30; Mt 18:14; Gl 1:4).
A confusão geral originada sobre este tema advém das muitas passagens do Antigo Testamento que, inúmeras vezes, associou a vontade de Deus aos acontecimentos correntes na vida de profetas, de reis e do povo de Israel, no tocante à obediência à Lei. Para Israel, a Vontade de Deus era apenas e uma só: a obediência à Lei de Moisés, aos mandamentos, preceitos, estatutos e ordenanças da Lei. Qualquer atitude e, principalmente, ação contrária aos preceitos da Lei colocava os indivíduos e o povo de Israel, como um todo, sob a ira do Deus Altíssimo. E a Lei dispunha de muitos preceitos, estatutos e ordenanças, de forma que a transgressão de um só mandamento já sujeitava o transgressor à punição determinada pela Lei, ou à penalidade direta de Deus. Daí originou-se esta lista enorme de fazeres e não fazeres que correspondiam à Vontade de Deus, e que até hoje, afastam os crentes da Sua verdadeira Vontade, para nossos dias.
Lamentavelmente, o olhar, ainda, voltado para o passado, “para o Egito”, tem afastado muitos da mensagem pura, simples e verdadeira de nosso Senhor Jesus, e os levado à escravidão.
Nas palavras do Senhor podemos observar que o foco, o objetivo do Pai é a alma humana. A salvação da alma humana. Nada tem a ver com acontecimentos da vida humana. Nada tem a ver com os afazeres da vida humana. Nada tem a ver com o alcance de coisas humanas, ou o desejo por coisas humanas.
Sendo assim a vontade de Deus, então a Sua Palavra foi enviada para este propósito, para este fim. Tendo a Palavra de Deus este fim, o seu Espírito age para alcançar este fim. Esta é a única e principal razão dele vir a nós e estar em nós.
Você pode até entender que a vontade do Pai é ter o controle dos passarinhos, ou dos cabelos da nossa cabeça, ou a gerência do mundo natural (Mt 10:29-30) e querer levantar a lista destas coisas. Porém, estes casos não tratam da Sua vontade, mas de Seu poder criativo e da imutabilidade da obra de Suas mãos. Como ele determinou na criação, assim permanece, e permanecerá até o fim (Hb 6:18).
Você pode entender que o Espírito, ou a Palavra, veio e vem a nós para nos dar aquilo que desejamos ou que necessitamos para a salvação. Então, o Espírito, ou a Palavra, está à mercê, não somente da tua vontade, mas, da vontade de todos os homens. Pensando assim, você está sendo e agindo como Simão, o mágico (At 8:18-23).
Pensar ou acreditar desta forma é um equívoco porque o Espírito, ou a Palavra não nos dão a salvação, como algo a ser recebido. Ele, o Espírito, a Palavra, é a nossa salvação. Estar no Espírito, ser um com ele, é a nossa salvação. Estar na palavra, ser um com ela, é a nossa salvação. Estar em Jesus, ser um com ele, é a nossa salvação. Porque o Espírito, a Palavra, o Senhor Jesus, o Pai, o Deus altíssimo são um.
Não é algo a ser adquirido, ou alcançado, ou recebido. É preciso, é indispensável e urgente, ser aceito por ele. Não é você quem escolhe; você tem de ser escolhido. Não é você quem recebe; você tem de ser aceito, recebido. Não parte de você, mas dele. Tudo o que você, ou eu, temos de fazer é ir ao encontro do Senhor, da Palavra, do Espírito, busca-lo com um coração puro e verdadeiro, com sede e fome da sua verdade e justiça (Mc 5:30-31).
Quando o próprio Senhor já no diz tudo, nada mais é preciso dizer. A tentativa de falar mais sobre o que ele disse é a forma de considerarmos a sua insuficiência. Se a sua palavra não é suficiente para nós, nós já o rejeitamos e escolhemos, como Judas Iscariotes, o caminho para o nosso próprio lugar, o nosso querer (At 1:25).
Só é preciso alertar os crentes, em geral, de que eles estão aprisionados à doutrina do cristianismo. Eles precisam deixar o Espírito, se assim for o seu propósito, despertá-los para permanecer na palavra do Senhor, para que, como verdadeiros discípulos, ele os liberte pela sua Palavra (Jo 8:32).
Assim é, porque nem todos são escolhidos e muitos, milhões, serão e permanecerão enganados, preparados para a perdição (Mt 7:21-22; Rm 9:22; 2Ts 2:10-12).
Não é lamentável porque é uma questão de escolha.
Uma calamidade não é lamentável, pois é fruto da imprudência, ou negligência humana, da escolha errada, da incompetência para ver o que é fatal, ou de fato.
Já uma fatalidade, é lamentável, pois independe da nossa vontade, ou da nossa escolha.
Creia no Senhor Jesus, adore-o em espírito e em verdade, e a salvação virá à tua casa (Lc 19:9-10; Jo 4:23-24).
Espere no Espírito, deixe que ele te guie e te use na realização da vontade de Deus.
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