Lamentavelmente, a negligência, por parte das pessoas, e a obscuridade, por parte das lideranças, quanto à existência e a manifestação de dons espirituais, reforçam mais ainda, como não poderia ser diferente, a ausência de Deus nas religiões cristianizadas.
Por se tratar do dom do Espírito Santo, passa a ser o elemento fundamental dos princípios do Evangelho, o único que é capaz de eliminar qualquer dúvida quanto a uma ação da parte de Deus.
O descaso pelas palavras de Paulo que ensinou, de forma clara, a razão de ser dos dons espirituais, explica a condição espiritual mórbida das pessoas em algumas religiões, bem como a condição espiritual, estranhamente e absurdamente, possessa, em outras.
Ainda, é comum encontrarmos no mundo cristianizado, funções administrativas sendo consideradas dons espirituais e dons espirituais sendo considerados de promoção à autoridade espiritual. Como exemplo, temos a função administrativa de pastor, bispo, padre, diácono, evangelista, missionário e assim por diante.
Função administrativa e de organização foram denominadas, no NT[1], de presbitério e mordomia, e são semelhantes a cargos de direção e supervisão em empresas, no modelo hierárquico.
No corpo do Senhor Jesus, porém, não existe função pastoral. O que existe são dons manifestados pelo Espírito, para a santificação do corpo e aperfeiçoamento da comunhão dos santos. Se você foi imbuído para, ou ordenado a ser um pastor funcional, com o fim de gerir e guiar um rebanho religioso, chamado de igreja, então você tem caído numa armadilha maligna, onde o poder do homem carnal é conferido por homens carnais, a homens carnais, para um propósito terreno, num cenário de domínio maligno.
Qualquer pessoa que quer, ou busca, ou aceita assumir tal posição está fora do corpo de Cristo e, estando fora do corpo, está usurpando o lugar do verdadeiro guia, a cabeça, o lugar que por mérito e glória pertence ao Senhor Jesus (Jo 10:11,14; 1Pe 2:25).
Muitos acreditam fielmente que pastorear é executar papeis como visitar os fiéis durante a semana, visitar os doentes nos hospitais, visitar os presos nas cadeias, promover vigílias, orações e encontros religiosos, dirigir e administrar a igreja, pregar em púlpitos, ensinar nas escolas dominicais, ser líder da música e guia espiritual do povo nas situações embaraçadas da vida, prestar serviço humanitário, intermediar em conflitos de casais, ou entre pais e filhos, arrecadar contribuições para os desamparados, elaborar o calendário de eventos da igreja e preparar o tema da próxima pregação.
O que vemos nas igrejas, são agentes sociais e apresentadores temáticos ou de entretenimento de público. Temos pastores comediantes e comediantes pastores. Pastores cantores e cantores pastores. Pastores atores e atores pastores. Pastores cowboys e cowboys pastores, pastores dançarinos e dançarinos pastores; pastores piadistas, conservadores, modernos, eruditos, escritores, filósofos e assim por diante.
Atuam como facilitadores, mediadores e agentes de comunicação. Eles se apresentam utilizando modelos, técnicas, artifícios e padrões de personalidade, tais quais o mundo o faz para cativar o público. Fazem muitas coisas boas, menos pastorear.
Eu pergunto: qual é o espelho em que eles estão se vendo?
O espelho do Evangelho?
Pense comigo.
Na pregação do Evangelho, Jesus não buscava e não usava comediantes, cantores, artistas, atores, para a missão de evangelizar. Ele não escolheu doze discípulos baseando-se nas suas habilidades, ou carismas, ou personalidades. Nada do que eles sabiam fazer ou a forma como eles viviam foi levado em conta para a missão que lhes estava proposta. Ele os escolheu como indivíduos que o receberiam e creriam nele. Ele era aquele quem iria transformá-los e usá-los, com o seu poder, quando viesse habitar neles. Ele estava olhando para a missão e não, para as qualidades e habilidades daqueles que viriam a cumprir.
E qual era a sua missão?
Era o resgate da alma.
Não era o entretenimento das almas angustiadas. Ele não buscava a alegria das almas, mas o arrependimento. Ele não entorpecia as almas dos pecadores com histórias e fantasias, mas as libertava das suas prisões, as curava e as perdoava do pecado, pela fé que elas depositavam nele. Ele não estimulava o ânimo das almas para o retorno no próximo encontro, mas a fé para reuni-las no último encontro.
O pastorear do Evangelho de Jesus é dar a vida pelas suas ovelhas, em vez de passar um tempo divertido com elas. É um ato de amor, do verdadeiro amor que nós não somos capazes de compreender e o máximo que o nosso intelecto pode vislumbrar é que se trata de um ato de renúncia do eu próprio, de entrega absoluta, para a causa da salvação da alma do outro, em vez do seu bem estar pessoal.
O pastorear, manifestado pelo dom do Espírito, não é própria e nem propriedade de um indivíduo.
Na verdadeira igreja, onde o Espírito é o Guia, esta ação se manifesta em todos os participantes do corpo, e não apenas em algumas poucas pessoas, e nunca é para a posição de guia ou liderança espiritual, mas sim, para a unidade do Espírito.
Na verdade, todos os santos devem estar prontos, dispostos e disponíveis, para pastorear, no momento em que o Espírito os indicar, pois é um fruto do amor do Senhor.
Só existe um Pastor e um rebanho; não existem pastores e rebanhos (Jo 10:11,16). Se existem, por aí, pode ter certeza que é invenção do homem.
Devemos apascentar as ovelhas do Senhor, em vez de as arrebanhar para nossos apriscos.
Apascentar significa levar e nutrir com a paz do Senhor.
Temos que apascentar as Suas ovelhas (Jo 21:15-17). Nós não temos ovelhas. Quem as tem é o Senhor. Portanto, a responsabilidade, ou a obra, de as arrebanhar e as levar ao seu aprisco é do Senhor. Cabe a nós, ovelhas, ouvirmos a voz do nosso Pastor e nos unirmos umas às outras, na paz que ele nos dá, debaixo da sua proteção, para que vivamos a comunhão nele e não haja quem possa nos dispersar. Se, porventura, o lobo, o ladrão, quiser nos arrebatar, o nosso Pastor, aquele que nos ama de verdade, e isso provou dando a sua vida por nós, estará por nós e nos salvará.
Agora eu pergunto a você, ovelha: que tipo de pastor você está ouvindo?
Àquele que te faz rir? Àquele que te encanta com uma linda voz? Àquele que conta lindas histórias milagrosas? Àquele que cativa a tua atenção com a sua arte? Àquele que tem afinidade com o que você gosta? Àquele que fala o que você gosta de ouvir? Àquele que eleva a tua moral, a tua autoestima? Àquele que tem uma aparência atraente? Àquele que fala com eloquência? Àquele que tem a voz mansa?
O fato de você ouvir a estes pastores, produzidos pelo sistema religioso do cristianismo, e não a nosso Senhor Jesus, o bom Pastor, significa que você não é sua ovelha. E a evidencia disso é você estar dando a honra de ouvir à voz do ladrão.
O ladrão é aquele que não entra pela porta e o seu interesse é apenas de tirar proveito das ovelhas, as usando para satisfazer sua ganância.
Se você não ouve ao Senhor, você está fora do seu Evangelho, o poder de Deus para a tua salvação (Rm 1:16). Você não conhece e nunca ouviu a voz do verdadeiro Pastor. E, por estar seguindo a voz do ladrão, tem descartado a vida eterna (Jo 10:27-28).
Parece que o Evangelho não é muito atraente, não é?
As histórias da Lei e dos profetas, e as cartas dos apóstolos, te parecem mais atraentes, mais poderosas? Mais espirituais?
Se assim o for, meu irmão, caro leitor, não é de admirar que você goste tanto de ouvir a homens.
Se assim o for, meu irmão, caro leitor, não se admire quando o Senhor lhe rejeitar (Lc 13:22-27). Tua vida tem sido tão natural, tão normal, até confortável que, talvez, você sequer tenha sentido a sua ausência.
Só existe um Senhor, o verdadeiro e bom Pastor, e uma só fé. Se alguém pensa e acredita diferente, está seguindo o caminho de outros deuses em vez do caminho do único Deus verdadeiro e nosso Pai (Ef 4:5-6).
Não se enganem com as palavras de Pedro aos presbíteros, embora elas contenham verdades quanto à atitude daquele que está sob a unção do Espírito. Porém, ele era judeu, nasceu e cresceu na religião judaica, praticante da Lei antes de ser convertido e ter sido cheio do Espírito (1Pe 5:2-4). Não somente Pedro, mas também os demais escritores do NT. Logo, temos de considerar a influência dos preceitos da Lei, que eles traziam embutidas em suas consciências e que acabaram emergindo em suas doutrinas.
Não é o caso do Senhor Jesus que embora tendo nascido na Judeia e ensinado nas sinagogas, não era religioso da Lei, o que demonstrou aos doze anos de idade, ensinando os sacerdotes e escribas. Tudo o que ensinava, recebia diretamente do Pai.
Embora tenha convivido com as tradições e costumes do povo judaico, vivia separado delas, pois o seu estilo de vida e suas obras foram aquelas que ele viu o Pai fazer. A influência a que ele ficou sujeito não era deste mundo, mas a do convívio com o Pai.
Por meio de suas palavras nunca seremos enganados. Por meio de quaisquer outras palavras, sempre haverá a possibilidade, senão a certeza, de sermos enganados.
O dom do Espírito, de pastorear, é de nosso Pastor, Jesus, e tem o mesmo propósito de dar paz ao seu rebanho. E a sua paz é o que todos nós temos que dar, uns aos outros, apascentando uns aos outros, no seu amor (Mt 10:13; Mc 9:50; Lc 10:5).
A sua paz não é igual à paz desse mundo. A sua paz é duradoura. A sua paz alivia a alma. A sua paz irradia a si mesma e se faz sentir nos de fora.
O seu Espírito também nos chama para evangelizar, para profetizar, para ensinar, para curar enfermidades e doenças, para expulsar demônios, para falar em línguas, para ressuscitar mortos e, acima de tudo, discernir e revelar os pensamentos e propósitos dos corações. Nós, como instrumentos para a obra do Espírito Santo, somos sujeitos ao seu querer (Lc 4:18; 7:22; 12:11-12; Jo 14:26; Mt 10:1,8; 11:5; Mc 3:15; 16:17; At 2:17-18).
Não há razão espiritual para valorizar um dom e menosprezar o outro, pois todos provém da mesma fonte, do Espírito. Porém, no mundo do maligno, este sempre busca exaltação, autoridade e poder. O desejo de liderança, proveniente dele, nos engoda para a valorização de um, em detrimento de outro. Quem assim o faz está vivendo na carne, longe do Espírito, seguindo a vontade de seu pai.
Não é o dom que deve ser exaltado em importância, mas o Espírito que o dá.
Portanto, esta tendência eufórica que enfeitiça o coração de homens e mulheres, hoje em dia, para buscar serem líderes religiosos, pastores, bispos, sacerdotes, mestres, evangelistas, missionários, apóstolos, etc, demonstra o quanto estão mergulhados na influência contrária ao Evangelho do Senhor. São vítimas e cúmplices da doutrina do cristianismo. São instrumentos nas mãos do maligno.
Observemos que em todas as apresentações dos apóstolos, em suas cartas, eles sempre se identificaram iniciando pelo nome e depois o seu serviço. Nunca pela sua função ministerial, para depois mencionar o nome. A atitude dos apóstolos, é bem contrária ao que se tem visto acontecer nestes dois séculos de cristianismo humano, onde os falsos buscam se exaltar ao indicar funções religiosas antes de seus nomes.
Quando nos referimos às manifestações dos dons do Espírito, é preciso estar vigilantes, pois muitos estão sendo enganados por fraudes e por ignorância das coisas espirituais.
Evidentemente, se o Espírito de Deus desejar corrigir ou exortar o grupo, ele vai agir por infinitas formas e não apenas pelas nove formas bíblicas de manifestações (1Co 12:7-11).
Porém, precisamos, sempre, ter em mente que todas as formas de manifestação de dons espirituais conhecidos podem ser fraudadas pelo maligno, oferecendo uma imitação bastante convincente, com eficaz capacidade de persuadir.
Nunca esqueça que o inimigo e seu exército estão à espreita, ao nosso redor, em todos os momentos, dia e noite. Eles são incansáveis e estão observando tudo o que dizemos, fazemos, e até pensamos, pela análise de nossas reações. Eles são especialistas em humanidade e engano, e sabem usar muito bem os seus poderes.
As tentações são as ofertas malignas que nos apresentam, por meio do desejo de nossa carne, para desagradarmos ao nosso Deus. Eles sabem como manipular a natureza humana, nos incitando às coisas, pessoas e eventos que ocorrem ao nosso redor.
Este é o reino do maligno e tudo pertence a ele. O seu objetivo é despertar o nosso interesse e desejo, para as ofertas do mundo. Estas ofertas são impressas em nossa mente carnal, como uma ilusão. Esta ilusão nos desvia da beleza espiritual e nos direciona para a beleza material e humana. Somos encantados, enfeitiçados pelo belo, fácil, confortável, prazeroso e satisfatório. Somos engodados pelos prazeres e possibilidades. Somos levados a acreditar que tudo podemos e tudo nos pertence; basta tomarmos a posse, basta nos apoderarmos.
Quer saber se você está inclinado para o mundo ou para Deus?
Se você dedica mais atenção, energia, disposição, tempo, ou tem mais interesse, ou sente prazer aos afazeres humanos, como trabalho, lazer, estudo e amigos, com certeza você está distante de Deus e bem próximo do maligno (2Co 6:14; Cl 3:1-2).
Eu concordo que precisamos trabalhar e estudar para sustentar nossa família e criar nossos filhos, nos relacionarmos com pessoas nos diversos eventos de nossa vida, mas estas ações devem ser consideradas como necessidades e não, prioridades ou fontes de prazer. Devemos realiza-las por obrigação natural da carne, mas não devemos buscar, ou valorizar, o prazer nelas, por mais interessantes e fantásticas que possam ser. Na verdade, elas só se tornam interessantes e fantásticas se observadas com olhos carnais, pois para os olhos espirituais elas são sem sentido, sem gosto, sem sabor, se elas não têm interesse na salvação de suas almas e na comunhão com o Senhor.
Apenas dois dons, ou manifestações, dentre as infinitas manifestações do Espírito Santo, não são capazes de serem copiados ou imitados pelo maligno: o dom de revelação dos pensamentos, das intenções e propósitos do coração, também chamado de testemunho de Jesus Cristo, pois somente o Senhor é quem conhece o profundo do ser humano, e o dom da vida, da ressurreição, pois só o Senhor é quem pode dar a vida a quem ele quer (Jo 5:21; 11:25; Hb 4:12; Ap 1:2; 19:10).
Eis aí a chave para a prova da origem, os elementos de prova da verdade.
Falsas profecias proliferam nos púlpitos, pela boca de falsos profetas, anunciando, com extrema acuracidade, eventos, feitos, dizeres e pensamentos que externamos. O que nunca os ouvimos revelar é exatamente o que estamos pensando, no momento em que pensamos; exatamente o que sentimos, no momento em que sentimos.
Falsas curas proliferam nas igrejas e nos campos de evangelismo, realizadas pelos falsos pastores e sacerdotes, curandeiros hábeis que se utilizam de técnicas mágicas, psicológicas, hipnóticas, sob a influência demoníaca, capazes de ludibriar multidões.
Tais curas, quando acontecem, se é que acontecem, nunca são permanentes e o mal retorna numa condição ainda pior do que antes, pois o maligno pode, simplesmente, manipular seu vassalo demoníaco para sair do indivíduo, aparentando uma cura milagrosa e ludibriando a multidão crédula (Mt 7:22-23; 12:43-45).
Muitos são os casos de encenação teatral, tudo combinado para parecer real.
Estou exagerando? Verifique por si mesmo, pois foi o que eu fiz.
O maligno é astuto e o seu poder na terra é negligenciado por aqueles que não acreditam que ele exista e que está nos rodeando, ou por aqueles que o menosprezam, achando que ele é apenas um personagem religioso. Porém, ele é real e bem capaz de sacrificar, temporariamente, ou definitivamente, um dos seus, ou um grupo dos seus, para enganar muitos, multidões. É o que ele está fazendo há dois mil anos, pois ele é o exímio estrategista da morte (Jo 11:50).
Por meio de suas artimanhas malignas, da tendência carnal do homem e da religiosidade do cristianismo, ele tem ridicularizado o Evangelho de nosso Senhor, isto é, o expondo ao vitupério (Hb 6:4-6).
Os dons, por serem de natureza espiritual, podem ser duvidosos, pois o bem, como o mal, são de natureza espiritual, e o que os diferencia é a sua origem, observada no impacto e na influência causada na vida das pessoas.
São dons de Deus se resultam em justiça, igualdade, união, concórdia, harmonia, alegria, paz, e vida para com todos ao redor, de forma que todos reconhecem a Sua ação e Lhe dão graças e glória. Dons de Deus são provenientes do Espírito de Cristo e, por que é santo, operam em corpos santificados por Cristo, resultando em saúde física e mental, força de vontade, disposição, prontidão, disponibilidade, entrega e renúncia do eu.
Não são dons de Deus se resultam no oposto, isto é, em injustiça, desigualdade, desunião, discórdia, conflito, tristeza, brigas e guerras, para com todos ao redor, de forma que todos veem o desequilíbrio, a intolerância, a desarmonia e a destruição.
Dons do maligno são provenientes do seu espírito de supremacia, de poder, de controle, de manipulação, de mentira, de engano, de impureza, malícia, inveja, autoestima, arrogância, orgulho, perversidade, desejos e impulsos carnais desenfreados, ociosidade, indisponibilidade para o bem coletivo, egoísmo. Operam em corpos impuros, dados à carne, resultando em possessão espiritual maligna, que se manifestam em doença física e mental, trauma, dor, sofrimento, amargura, tristeza, depressão, rebeldia, teimosia, obstinação, dano, destruição e morte.
Se manifestam pela usurpação da alma humana, tomando posse da mente, aprisionando a personalidade, sugando a energia do corpo e do espírito, entorpecendo a racionalidade, estimulando a emoção, fantasiando a realidade, encantando a consciência com ilusões e modismos, entretendo a mente e o corpo com os prazeres carnais. São parasitas do corpo e vampiros da alma que conduzem o ser ao declínio espiritual, à degradação moral, física, mental e de consciência.
Como os sintomas se manifestam no homem natural por meio de males diversos, com consequências letais no final de sua vida, os dons do maligno são infringidos em doses homeopáticas, de forma que o homem não associe seus males com a sua conduta e trajetória de vida terrena longe do Senhor, mesmo sendo um crente nominal.
As pessoas passam a vida sentido dores, enfermidades, angustias, solidão, tristeza, depressão, variação de humor, variação de ânimo, dupla e tripla personalidade, preguiça, inconformismo com tudo, nada está bom na sua vida. São briguentas, não aceitam conselhos, rejeitam os seus próximos, são insatisfeitas, rebeldes, teimosas, egoístas, acham que tudo sabem e que o que os outros são ou sabem é insignificante.
Apesar de viver uma vida desagradável, para não dizer péssima, elas não percebem que são agentes do mal. Elas promovem o mal estar a todos os que estão ao seu redor.
Estes são os dons do maligno, do adversário de Deus.
Afinal, o homem que está nas mãos do maligno é o seu melhor agente multiplicador e, portanto, quanto mais tempo ele tiver de vida, influenciando outros, ou prejudicando os outros, maior é o alcance da ação do maligno.
Na vida religiosa, a estratégia do maligno é falsificar os dons de Deus, criando uma manifestação semelhante ao verdadeiro, capaz de imitar com perfeição os dons do Espírito. Ele conhece os relatos bíblicos e copia, literalmente, os dons que lá foram descritos.
Porém, o dom de Deus é infinito e suas manifestações também o são. É aí que o maligno comete mais um dos seus erros e só consegue sucesso porque o homem é ignorante sobre as coisas de Deus. Ele se utiliza do que está escrito, para enganar o homem que aceita e fundamenta sua vida espiritual em escritos, como expressão da Verdade. Se não estiver escrito, ele não age, pois não tem a guia do Espírito. Este está realmente condenado, pois rejeita a guia do Espírito.
Nosso Senhor, Jesus, nos alerta sobre os falsos pastores, os falsos profetas, e Paulo também nos alerta sobre os falsos apóstolos (Mt 24:24; Jo 10:11-14; 2Co 11;13).
Deus deu e dá dons aos homens que o adoram em espírito e em verdade.
Deus nos dá o dom de profecia, como sendo a Sua intervenção direta. Paulo nos orienta sobre como ele se manifesta e como deve ser provado.
O modelo que ele apresenta é bem simples.
Deve ser levantado até três indivíduos, sendo um após o outro, e a mensagem deve ser julgada pelos demais.
Como deve ser este julgamento?
A resposta é simples. Segundo o Evangelho do Senhor e o testemunho de Jesus (1Co 14:29-33). Veja atrás a chave mencionada para a prova da origem.
Ouso acrescentar, ainda, que, dentre os que são levantados, sejam três escolhidos, aleatoriamente, pelos demais. Que sejam isolados um do outro, para que um não saiba da mensagem do outro e, no final, seja verificada a unanimidade de seus conteúdos.
Duas coisas precisamos e devemos estar cientes: que não temos o monopólio do Espírito Santo e que devemos provar os espíritos, para saber se são de Deus (1Co 2:11; 1Jo 4:1).
Você se considera o proprietário do Espírito e que, a seu gosto e a qualquer momento, você o usará para falar mensagens lindas da parte de Deus?
Nem mesmo os profetas do passado tinham tal pretensão. Eles eram verdadeiros instrumentos, sempre à disposição do Espírito, mas não ousavam abrir suas bocas para falar, sequer uma palavra, que o Espírito não lhes tivesse dado. Portanto, não é você quem decide se vai ser levantado para falar, quando vai ser e o que vai falar.
Este é o engano perpetrado nas igrejas cristianizadas, incentivadas por doutrinas de homens que exploram tal prática em favor de seus interesses, sem nenhuma discriminação. Sim, em favor de seus interesses, pois, por meio deste artifício, eles incutem ao povo a obrigação de aceita-los, e a seus ensinamentos, como sendo da parte de Deus. Por esta doutrina, eles levam o povo a obedecer cegamente aos seus caprichos religiosos, ao considera-los sendo “homens de Deus”.
Esta é a razão da necessidade de provarmos os espíritos.
E como podemos prova-los?
Você poderia questionar: quem somos nós para colocarmos à prova as manifestações do Espírito Santo?
A resposta é simples e está escrito: somos os santos que receberam a orientação do nosso Senhor Jesus, para termos cuidado, para vigiarmos, quanto aos falsos profetas e pastores (Mt 24:24; Jo 10:11-14).
Vou dar um exemplo que é comum e afeta a grande maioria, senão a todos, do sexo masculino: a pornografia, a masturbação física e psicológica, devido ao impulso sexual.
Não é segredo para ninguém que isto acontece a todos e, por que não aconteceria entre os que são crentes nominais?
Quando estes se apresentam nas suas igrejas, buscam a aparência de homens santos, encobrindo suas leviandades carnais por meio de uma postura humilde e servil, de uma aparência decente, de uma disposição para agradar aos outros e por um discurso de santidade.
Acontece com todos, sejam membros ou líderes. Não há exceção, pois a natureza humana masculina está neles e todos são suscetíveis ao impulso e desejo sexual, natural da característica de ser macho. O erro está em tentar encobrir, por parte do que pratica, e tentar não ver, por parte de quem observa. Em ambos os casos temos a hipocrisia.
A hipocrisia é o pecado que o Espírito percebe naquele que está no meio da congregação e é o seu papel revelar o pecado e o pecador, particularmente, ou publicamente, denunciando o que passa em seu coração naquele exato momento em que o Espírito atua.
O que deve ser revelado é que não há temor de Deus; não há arrependimento verdadeiro; não há fé; não há pureza de coração; não há santidade. Que há muito esforço para mostrar arrependimento, fé, coração puro, santidade e que eles estão sendo instrumentos de Deus. Que o Senhor virou o seu rosto e não aparece mais entre eles. Que esta estas são as razões deles estarem vivendo suas vidas naturalmente, confortavelmente, sem sentir a ausência de Deus.
A finalidade da manifestação do Espírito é expor o pecado oculto, o pecador agente, para eliminar o mal e curar o corpo da contaminação maligna, exatamente como aconteceu com Ananias e Safira. O caso deles foi de morte, pois mentiram para o Espírito Santo. O efeito na congregação foi de temor e reverência para com o Espírito de Deus.
Hoje em dia, e não sei se houve um dia, não se ouve falar de morte nas igrejas por causa de pecado, hipocrisia e blasfêmias a Deus.
Sabemos, com certeza, que todos são pecadores, hipócritas, infiéis, injustos, mentirosos, mas parece que o Espírito Santo não se incomoda mais com esta situação.
Vemos tantas doutrinas e procedimentos estranhos à espiritualidade nas igrejas, alguns até desconcertantes, como danças mundanas, vestes mundanas, costumes mundanos, músicas mundanas, manifestações espirituais suspeitas e absurdas, totalmente inadequados ao propósito de adorar a Deus.
Neste cenário, só podemos ter duas situações: ou o Espírito Santo não está no meio do grupo, ou todos são santos perante ele. O veredito eu deixo com o leitor.
Agora, eu tenho uma pergunta: o Espírito tem o monopólio da tua, da nossa vida?
O que faz a diferença na vida das pessoas é o fato delas serem monopolizadas pelo Espírito e se deixarem usar por ele, nunca interferindo na sua ação.
Você não pode fazer o Espírito te guiar, porque esta ação parte dele e não de você. O teu papel é estar disponível e ter toda disposição para ser guiado, no momento que ele quiser, da forma como ele quiser e para o seu propósito (1Co 12:11). É a sua ação em você que fará de você uma diferença neste mundo. É a sua ação em nós e na comunhão existente entre nós e no Senhor, que fará com que os de fora vejam que o Senhor está em nós (Mt 18:20; At 2:47).
Se você estiver programando, planejando, determinando e realizando conforme sua ideia, seu pensamento, mesmo em assuntos relacionados a Deus, então você não está debaixo da guia, da orientação e da ação do Espírito. Porque não é você, não tem a ver com você. Tudo tem a ver com ele, ser por ele, para ele e com ele à frente.
A única coisa que você tem de decidir é se você quer ser guiado pelo Espírito Santo ou permanecer no seu nível de fé.
É preciso esclarecer que o dom de profecia não é adivinhação. Como mencionei acima, o maligno sabe interpretar nossos gestos, atitudes e reações e, com base neles, prever nossos pensamentos e sentimentos. Isto é adivinhação, e é do maligno.
O dom de profecia não é falar de ocorrências comuns na vida das pessoas, de necessidades comuns das pessoas, ou de gestos, atos, palavras que foram ditas em conversas, em eventos do passado, ocorridos há minutos, ou há anos atrás, ou em privado, quando só, em oração proferida em voz alta, ou por movimento labial, ou escritos, pois todas estas nossas ações são observadas pelo exército maligno. Quando chega o momento oportuno, eles as revelam, por meio de seus falsos profetas, possuídas por eles em transe mental, com o fim de ludibriar o povo na congregação, fazendo-os crer que é uma mensagem de Deus.
Também não é falar sobre decisões da vida diária tais como, se deve, ou não, fazer uma viagem; se deve, ou não, comprar um carro, uma casa; aceitar ou rejeitar um trabalho; casar com a moça, ou rapaz, que você está interessado, ou interessada; divorciar-se, ou não, em um casamento conflitante; colocar o filho nesta, ou naquela escola; fazer este, ou aquele, curso, nesta ou naquela faculdade, etc.
Também, não é obra do Espírito o prognóstico do futuro, pois ele age no tempo presente, na salvação das almas do hoje, do agora. Ele não vai buscar as almas que já morreram e menos ainda, as que irão nascer. As que já morreram tiveram a oportunidade de ouvir o Espírito no tempo presente delas. As que irão nascer terão a oportunidade de o ouvir no tempo presente delas. Então, este é o momento sublime de o ouvirmos; é agora, é hoje, em vez de querermos, ou estarmos curiosos, que ele nos fale do amanhã. Ele nunca fará isso. Quem quer nos iludir com expectativas e fantasias futuras é o enganador. Fantasias futuras são suposições, achismos, exercício de ficção, adivinhações. Tais coisas são desaprovadas por Deus, rejeitadas pelo Espírito de Deus.
Tudo o que precisamos saber sobre o futuro já foi anunciado pelo Senhor e é o suficiente para a nossa salvação, pois é para o hoje que Ele nos dá o pão, nos veste, nos mostra prodígios e curas, nos leva ao paraíso, nos dá de ouvirmos a Sua voz, nos faz vencer o mundo e as aflições, nos salva. Inquietar-se com o amanhã, ou alimentar curiosidades sobre o amanhã, ou viver na dependência de expectativas é descartar o agora, desprezar o conselho do Senhor que o Espírito sussurra em nosso coração. Todas as coisas de que precisamos é do conhecimento do Senhor e nos serão acrescentadas se, e somente se, buscarmos o seu reino e a sua justiça; e serão acrescentadas agora, não será no futuro (Mt 6:11,30,34; Lc 5:26; At 1:7; Tg 4:16; Rm 1:16; 2Co 6:2; Jo 16:33).
Quero esclarecer uma coisa e de forma bem direta: o Espírito Santo não está “preocupado”, ou “interessado”, nas tuas situações de vida, ou do dia a dia. Ele está interessado na salvação da tua alma e, considerando que a lista de preocupações e decisões de vida vista acima também seja a tua, o Espírito está com a face voltada de você, pois você está tão emaranhado nas coisas desta vida que deixou a parte boa de lado, essencial para a tua salvação, que é dar atenção à Sua Palavra de vida eterna e servi-lo em Sua missão (Lc 10:41-42).
Quero lembrar, mais uma vez, que o Espírito Santo se manifesta para revelar o pecado nas intenções, no propósito do coração, trazendo à luz o que está oculto, o pensamento leviano de cada um, exatamente no momento em que estes ocorrem (Hb 4:12).
O Espírito é enviado para mostrar a verdade, denunciar a impiedade, flagrar o pecado e revelar a injustiça. O seu foco é a salvação da alma pecadora, em vez da promoção da curiosidade e interesses humanos. Seu interesse é converter o pecador, o indouto, o infiel, para que ele veja e declare publicamente que Deus está verdadeiramente em nós (Rm 1:18; Jo 16:8; 1Co 14:24-25).
Muitos querem o reino de Deus e a justiça divina, e tudo o que é acrescentado, porém não querem busca-lo com todo esforço e dedicação de alma, tal como um moribundo no deserto, com a garganta seca, sem água e desidratado, à beira da morte, busca por um gole de água. Preferem olhar para um futuro enganoso do que se esforçar para realizar no agora.
Busca-lo tem de ser uma necessidade de vida ou morte e não apenas um tema para um discurso de púlpito, ou versos para uma canção, um balanço de música, ou parágrafos em um livro (Mt 6:33).
A questão do interesse pelo futuro ser atraente aos anseios humanos é uma armadilha que o maligno usa com expertise. Desviar a nossa atenção da decisão do agora que vai nos dar a vida eterna, é o objetivo desta armadilha. Ele quer desviar o foco da realidade presente, para uma ilusão futura, até que você morra. Assim, ele ganha mais uma alma para o inferno.
A realidade presente se cumpre, acontece, enquanto que a ilusão desvanece, ou muda para uma outra ilusão, e assim perdermos a vida eterna.
Uma ilusão é algo imaginário que muito desejamos, conforme com os impulsos da carne e os estímulos causados pelos cenários irreais que nos são apresentados no agora.
— Ah, se eu tivesse a minha casa, a casa que tanto sonho!
— Vou trabalhar duro para comprar o carro que sonho!
— Ah, se eu ganhasse na loteria!
— Não vejo a hora de chegar as férias!
— Sexta-feira que não chega!
— Ah, se eu fosse promovido! Se eu passasse no concurso …! Se eu fosse mais alto! Se eu tivesse cabelos compridos! …
São tantas, infinitas, as ilusões que o maligno nos apresenta em seus cenários terrenos, até mesmo aquelas ilusões que dizem respeito à religiosidade.
— Ah, se o Senhor viesse hoje!
— Eu espero a vinda do Senhor!
— O Senhor me dará forças para vencer!
— No Senhor sou mais que vencedor!
— O Senhor vai me dar este emprego!
— Se Deus quiser será assim, ou assado!
Eu pergunto.
O Senhor ainda não veio e não está presente na sua vida?
Não sente o braço do Senhor te fortalecendo a cada minuto que passa?
É você que quer ser o vencedor, ou é o Senhor que já venceu?
Você pensa que o Senhor sofreu nas mãos dos homens, morreu na cruz e ressuscitou em glória para nos dar coisas deste mundo?
Você ainda não sabe o que o Senhor quer?
Lamento ter de dizer, mas se o Senhor ainda não chegou para você, e você não o conhece, então você não conhece o teu Deus, não sabe quem ele é e o que ele quer, não sente a sua unção e a sua força; você já está condenado.
Corra, meu irmão, caro leitor!
Corra desesperadamente ao encontro do Senhor enquanto ainda há tempo (1Cr 16:11; Is 55:6).
Temos que falar, ainda, do que mais vemos acontecer nos encontros e é tido como manifestação maior da ação do Espírito: o falar em línguas “estranhas”. Exatamente o lugar mais inadequado para ocorrer, segundo Paulo, pois este dom é de edificação individual.
Quanto ao dom de línguas, eu disse, dom de línguas e não, línguas estranhas, Paulo também nos orienta sobre como o Espírito age e como, aquele que for usado, deve ser provado (1Co 14:1-33). Porém, vamos pensar um pouco sobre este dom, porque há muita confusão no mundo religioso, principalmente no ramo pentecostal.
A primeira manifestação do Espírito, falando em outras línguas, encontramos na festa de Pentecostes (At 2:1-12).
Do contexto deste relato, podemos entender que naquela festa, e habitando em Jerusalém, não haviam somente judeus, mas muita gente de fora, estrangeiros de outras nações. No momento em que o Espírito Santo pousou sobre todos os presentes na casa, aqueles do povo que estavam próximos ouviram um som vindo do céu, um som como de vento muito forte que encheu a casa. Este evento foi marcante, notório, a ponto de chamar a atenção de muitos do povo ao redor, para que se aproximassem da casa e observassem o que estava acontecendo. Assim, eles puderam ver línguas repartidas, parecidas com fogo, pousando sobre cada um dos que estavam assentados na casa. E também ouviram o que eles falaram, e entenderam o que era dito, porque falaram nas línguas nativas de cada um deles. Isto os deixou confusos, pois supunham que aqueles que estavam na casa fossem galileus, possíveis falantes de língua hebraica, aramaica, grega ou romana. Todos pasmaram e se maravilharam ao ouvir das grandezas de Deus, da boca de quem não se esperava que fossem capazes de falar em suas línguas nativas, pois eles eram de nações distantes.
Deste cenário podemos entender que os crentes que estavam na casa não sabiam e não poderiam falar todas aquelas línguas estrangeiras, simplesmente por terem sempre vivido na Galileia. Porém, o Espírito falou pela boca deles, colocou as palavras estrangeiras em suas bocas, com sotaque perfeito, pois os estrangeiros ficaram perplexos e maravilhados.
O que realmente aconteceu?
Ou eles falaram em sua língua nativa, e o Espírito colocou nos ouvidos dos estrangeiros as palavras em suas próprias línguas, ou o Espírito colocou na boca dos crentes as palavras estrangeiras, para que pudessem ser ouvidas e entendidas pelos estrangeiros.
O que nos impressiona é o sobrenatural da manifestação do Espírito que falou em diversas línguas humanas ao mesmo tempo, seja pelas bocas dos crentes, seja no ouvido dos estrangeiros.
É interessante observar que os crentes pareciam não saber o que estava acontecendo, pois apenas falavam das grandezas de Deus. Não sabiam o que estava acontecendo fora da casa e não era necessário que eles soubessem que os estrangeiros os entendiam. Quem sabia das condições daquele momento era o Espírito e este providenciou a forma de se fazer entendido.
Este foi um evento em que o Espírito achou necessário usar línguas humanas para trazer sua mensagem, porque haviam pessoas que só poderiam entende-la, se esta fosse falada em suas próprias línguas nativas.
Eu pergunto, então: haveria a necessidade de o Espírito falar em língua estrangeira se não houvera pessoas estrangeiras presentes em um local?
Pergunto, ainda: por que o espírito falaria em língua estrangeira em um local onde todos são da mesma língua local?
Observe que estou apresentando um cenário onde se encontram diversas pessoas reunidas.
O uso do termo falar em línguas tem a conotação de que, no evento relacionado, há, pelo menos, um estrangeiro envolvido. Caso contrário, não faria sentido o seu uso. Em assim sendo, faz se necessário que haja interprete, caso contrário, ninguém será edificado e o indouto, ou descrente, “dirá que estão loucos” (At 2:4-11; 1Co 14:23).
É o caso da variedade de línguas que, por ser uma variedade, sugere serem diversas línguas humanas (1Co 12:10). Pela mesma razão, é necessário que o Espírito providencie a interpretação destas línguas.
Pergunto novamente: por que razão o Espírito falaria em uma língua diferente da nativa do povo reunido, para que depois tivesse que a interpretar? Não seria razoável que ele se manifestasse na língua que o povo reunido entende? A não ser que entre os reunidos haja um estrangeiro que precisa ser convencido de que o Senhor está naquele povo e de que precise se arrepender do seu pecado e crer, para a sua salvação. Assim, o propósito do Espírito teria sido cumprido.
Outro caso é o de falar em língua desconhecida, mencionado por Paulo. Também causou confusão. Parece-me estranho, mas tudo indica que naquela congregação havia muito interesse em se falar numa língua que ninguém conhecia.
Eu pergunto aqui, o que Paulo já respondeu: quando o Espírito fala a um grupo de pessoas, qual é o propósito?
Simples, não é? A edificação, exortação e consolação da igreja (1Co 14:3-4). Não esqueçamos a denúncia do pecado, pois o Espírito Santo não aceita o pecado.
Então, por que o Espírito falaria em uma língua desconhecida na igreja, quando ninguém poderia entender e ser edificado? Parece-me que o Espírito não o faria, a não ser outro espírito, que não o de Deus, que quisesse se manifestar dessa forma, para provocar a confusão e o descrédito do Deus reivindicado por aquele grupo.
Mas, qual a razão do Espírito falar em língua desconhecida para um indivíduo, em particular? Não vejo uma resposta plausível, convincente, para esta pergunta.
Se o Espírito quer a edificação, a consolação do crente, seria mais eficaz falar ao crente na sua língua, seja ela qual for. Ou até nem precisasse usar uma língua para falar, pois o Espírito pode colocar impressões na mente e sentimentos no coração, tal como o faz, ao falar.
Qual a necessidade de falar mistérios que venham a ser úteis para apenas um indivíduo? Será que este crente está num nível espiritual tão elevado que o torna apto e privilegiado para receber tais mistérios? E os demais? Por que eles não estão evoluídos espiritualmente, se é o Espírito, o responsável por esta evolução (1Co 14:2)?
Lembremos que os dons são para a edificação da igreja. Isto significa que todos recebem o mesmo aperfeiçoamento, o mesmo crescimento espiritual, para que o corpo se desenvolva como um todo e não, um membro mais do que o outro.
Ao meu ver, esta questão de falar em língua desconhecida é bastante controversa e não indica ser uma ação legítima do Espírito Santo. Ao tratar, distintamente, um crente de outro crente, está-se fazendo acepção, segregação e favoritismo. A ação do Espírito não pode provocar tal divisão e muito menos a confusão, mas sim, a paz (1Co 14:33).
Precisamos estar atentos a esta questão e compreender o porquê deste cuidado com o falar em língua desconhecida. Simplesmente porque, como sendo desconhecida de todos, não se pode comprovar a sua veracidade.
É uma forma sutil do maligno imitar uma manifestação legítima e ficar imune à prova. Logo, quem aceitasse este tipo de manifestação, devia faze-lo em particular, isolado do grupo, ou da congregação, para que não influenciasse, enganosamente, o grupo. E somente o tal teria que acertar as contas com o verdadeiro Espírito.
Da mesma forma é o falar a língua dos anjos. Parece-me insensato aceitar esta definição, pois os anjos não precisam falar, não precisam de órgãos vocálicos. Eles não possuem corpos materiais, com funções vocais para poder expressar palavras, justamente porque não precisam. Eles são seres espirituais e na esfera espiritual palavras não fazem sentido, já que todos são conhecidos, amplamente e irrestritamente, na unidade do Altíssimo. Na unidade, é Ele quem “fala”. Esta unidade é aquela que Jesus nos ensinou, que ele tinha com o Pai e que nós devemos ter nele (Jo 10:30; 17:21).
Quando Paulo estabeleceu a restrição de que também houvesse interpretação, na congregação, ele buscou impedir a manifestação de espíritos enganadores, incorporando alguns crentes em transe hipnótico, como sempre foi comum nas práticas pagãs. Percebe-se em suas palavras, um certo “aviso”, uma referência sutil a esta forma de manifestação, como não sendo do Espírito (1Co 14:32).
Se ocorrer o dom de língua desconhecida, da parte do Espírito Santo, certo está que o mesmo Espírito proverá a interpretação, nos moldes da profecia, com o julgamento dos demais (1Co 14:27-28).
Quando o Espírito trata individualmente com um crente, ele o está modelando para ser um instrumento útil na obra do ministério, ou seja, para que seja exemplo no exortar e no fortalecer aos demais, bem como, para evangelizar os indoutos e infiéis, com a vindicação do Espírito. E este tratamento deve ocorrer para com todos os crentes, para que o Evangelho do Senhor possa ser expandido e conhecido por todos, em todo o mundo.
Claro está que o dom de língua desconhecida não visa edificar a congregação, a igreja, mas sim, ao indivíduo, desde que venha do Espírito Santo, caso contrário, será para destruição. Este dom é manifestado para a edificação pessoal, pois somente a pessoa e o Senhor entendem as palavras que são ditas, mesmo que não precisassem ser ditas, já que o Senhor ouve a mente e o coração. É uma incoerência que foi administrada por Paulo, mas permanece até hoje sendo uma incoerência, uma pedra de engano nas igrejas cristianizadas, para a perdição de muitos.
Quando vemos crentes, aqueles que professam a fé em Cristo, tratarem levianamente o dom de evangelizar, pôr o considerarem inferior, e não se aperceberem de que eles, todos eles sem exceção, deveriam ser usados com o dom do evangelismo, fica evidente que o Espírito está muito distante deles, pois ainda não entenderam a missão do Senhor, e tão pouco, vieram a conhece-lo.
A questão a ser analisada é, até que ponto estas manifestações são de Deus. O discernimento espiritual parece ser um dos dons que se tornou extinto, pois vemos uma grande confusão de pessoas “falando” ao mesmo tempo, ou apenas emitindo sons e palavras, sem sentido para qualquer ouvinte. Pastores que durante o discurso pronunciam frases estranhas, decoradas ou não, porém incompreensíveis e sem qualquer interpretação.
Neste lugar de confusão, seguramente, Deus não pode estar presente, mas, sim, qualquer outra manifestação que almeja a confusão.
Quem escolhe a direção através de palavras, rejeita a direção pelo Espírito.
Nestes 2 mil anos não se ouviu falar de pessoas que morreram nesses encontros. Com certeza, se Deus estivesse presente, haveria muita morte.
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Do exposto até aqui, nos resta revisar a forma como Paulo adverte que deve ocorrer o dom de falar em línguas estranhas e o de profecias. Na sua narração, me parece evidente a razão de ser permitido até três manifestações, uma de cada vez, para cada dom. Quanto às línguas, deve haver quem as interprete.
Quando Paulo fala “a outro” ele não quer dizer, incisivamente, que precisa ser pessoas diferentes operando diferentes dons, de forma particularizada, especializada (1Co 12:7-11).
O que te parece?
Será que Deus não pode fazer o que bem lhe aprouver com a Sua virtude?
Será que Ele não pode repartir do Seu Espírito na medida da fé de cada um?
E se a fé de um lhe dá condições para o Espírito operar diversos dons? Será que Ele tem de ficar limitado à forma como Paulo se expressou?
Consideremos que, assim como aconteceu com Jesus, os Seus apóstolos se deparariam com diversas circunstâncias que exigiriam a operação, de não apenas um dom, mas de diversos dons. Portanto, não faz sentido que os dons fossem particularizados, especializados, ou personalizados, limitando a ação de Deus, a não ser pela limitação da fé do homem. (1Co 12:8; Rm 12:3-8).
É impossível agradar a Deus sem fé (Hb 11:6). Logo, sem fé não existe quem seja “homem de Deus”.
O que Paulo disse, na verdade, é que a fé daqueles crentes era de uma medida que Deus não podia operar mais que um dom. Ou ainda, que segundo o seu propósito de expandir o Evangelho a outras regiões, Ele repartiu os Seus dons para que diversos evangelistas operassem, em lugares diferentes, segundo a necessidade de cada lugar, de acordo com a pré-ciência Dele.
Haviam aqueles cuja medida da fé não era sequer suficiente para que Ele operasse. Esses ficavam apenas no discurso estéril, no debate improdutivo, na disputa egoísta, desprovidos do poder de Deus, condição semelhante ao que vemos acontecer no cristianismo (Rm 12:6; 1Co 1:17, 2:1-5).
Paulo nos exorta sobre a qualidade, ou medida, de nossa fé, para que o nosso culto seja aceito por Deus e possamos ser Seus instrumentos. Que não nos conformemos com este mundo, mas que sejamos transformados com a renovação do nosso entendimento, apresentando nosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Ele. Este deve ser o nosso culto racional que nos possibilita experimentar qual seja a Sua boa, agradável e perfeita vontade.
Quando assim nos apresentarmos para O cultuar seremos vasos de honra na Sua mão, modelados para O servir na Sua obra, revestidos, cheios do Seu Espírito e de Seu poder. (Rm 12:1-2)
Paulo ainda nos sugere uma visão sobre a operação de Deus que parece confusa, quando comparados, literalmente, em seus relatos. Ele nos disse que há diversidade de dons, de ministérios e operações, sugerindo que são formas diferentes de atuação, sendo: os dons, do Espírito; os ministérios, do Senhor; e as operações, de Deus (1Co 12:4-6). Porém, na conclusão do assunto ele deixa claro que todas estas operações, sejam os dons, ministérios e operações, são oriundas de Deus, isto é, do Espírito Santo (1Co 12:28).
Ainda, quanto aos dons, um único espírito, o Espírito de Deus pode manifestar-se de diversas formas, para o que for útil. Assim, a palavra de sabedoria, a palavra da ciência, a fé, os dons de curar, a operação de maravilhas, a profecia, o discernimento dos espíritos, a variedade de língua e a interpretação das línguas, são operações de um só Espírito que os reparte, particularmente a cada um, como quer (1Co 12:8, 18).
O foco principal das suas declarações, porém, não é a diversidade de dons, mas a origem e a razão de ser deles, ou seja, tendo a origem no Espírito e para o que for útil e edificante para o corpo de “Cristo” (1Co 14:3).
Ele, também, não quer dizer que, se não houverem dons é porque o corpo não precisa ser edificado, ou porque o Espírito não está presente.
A presença do Espírito é facilmente observada na ação da fé e na forma de adoração. Se não há fé, então não há ações de fé para a edificação do corpo, e fé é uma manifestação do Espírito.
Se a adoração é falsa, o Senhor vira o seu rosto, significando o afastamento do Espírito que rege este corpo. Se o Espírito Santo não é o regente, então este não é o corpo de Cristo.
Assim, devemos entender que os dons são os meios pelos quais o Senhor se manifesta nos seus instrumentos, homens e mulheres, para que o corpo de Cristo seja edificado. Se o Espírito age, os dons surgem, o pecado é revelado, o maligno é envergonhado e expulso do meio do corpo, e este se torna são, santo.
O leitor poderia questionar: esta manifestação não é do tipo mediúnica?
A mediunidade, ou canalização, é desaprovada por Deus, conforme escrituras bíblicas (Lv 20:27; Is 8:19). Portanto, o Espírito não agiria conforme o padrão de incorporação em transe, como acontece na mediunidade.
Repetindo, o foco do Espírito é a edificação espiritual individual ou coletiva e fala sobre a condição espiritual destes, perante o Senhor. A revelação do pecado é o seu interesse e não, situações da vida terrena.
Então, primeiramente, precisamos observar os casos de possessão demoníaca em que Jesus interveio, expulsando os demônios.
As pessoas possessas tinham controle de si?
Elas estavam em suas sãs consciências?
Seus corpos não sofriam agressão física?
Quando falavam, era sobre assuntos terrenos ou espirituais?
As pessoas sabiam quando seriam possessas e por quanto tempo?
Foram elas que pediram ou aconteceu à revelia?
As pessoas ao seu redor estavam bem, com a pessoa possessa?
Observamos que a possessão demoníaca é inesperada e tem o completo controle da consciência da pessoa onde incorpora, tal como um avatar.
Ela acontece segundo o desejo do demônio, na escolha da sua vítima, no lugar onde ele quer, pelo tempo que ele deseja, não se importando com a integridade física da pessoa em que está, e só interagem com o mundo exterior, quando se sentem ameaçados espiritualmente (Mt 8:29; Mc 9:20).
Agora, analisando a incorporação mediúnica, percebemos que acontece de forma diferente.
As “entidades espirituais” não são denominadas de demônios porque não são impulsivas e agressivas. Algumas vezes são denominadas de “entidades” ou “seres de luz”.
Não se pode afirmar sua procedência porque, tudo o que se sabe delas são suposições que não podem ser verificadas fisicamente.
Quem as pratica se encontra numa situação vulnerável e indefinida, onde não se pode antever suas consequências. Apenas suposições e possibilidades. Tem-se observado que, com o passar do tempo e da repetitividade do processo de incorporação, a pessoa torna-se sensível ao processo, chegando a acontecer involuntariamente. Ou seja, a personalidade ou o espírito da pessoa não consegue mais ter o controle da sua consciência.
A incorporação mediúnica ocorre quando a pessoa deseja e se prepara para tal, ou seja, é necessário o querer, o preparo e a permissão da pessoa que se submete à incorporação.
Uma vez dada a incorporação, o mediador, isto é, o médium não mais interage com a entidade espiritual, ou com o mundo exterior.
Trata-se de um estado de transe mental, voluntário ou induzido, de forma que a consciência do mediador passa a ficar passiva, isenta de reação e sua capacidade volitiva fica anulada, não interagindo com a entidade até que esta decida sair, ou desincorporar.
Me parece ser um nível mais amistoso de possessão, já que a manifestação do espírito, ou entidade, limita-se apenas a falar sobre coisas terrenas, sobre situações de vida, com alguma interação com as pessoas ao redor. É neste momento que falam sobre o que viram acontecer no passado ou no presente, relacionados com a pessoa em transe, ou com pessoas próximas à pessoa em transe. Lembremos do caso de Saul e a necromante (Mc 1:34; 1Sm 28:7-25).
O aspecto maligno neste proceder está na desaprovação explícita de Deus, na condição possuidora, dominadora, que não permite reação ou escolha, durante o processo, e no teor da comunicação que é de questões terrenas.
Por não ser capaz de revelar, ou expor, o que passa na mente daquele que a quem é dirigida a comunicação, fica evidente que o processo, bem como a manifestação espiritual não procede de Deus.
Lembremos, ainda, que tudo que é obrigado, impositivo, não procede de Deus e que a exposição de eventos e casos passados e atuais, ocorridos exteriormente ou publicamente, não são evidencias de que a manifestação procede de Deus.
A manifestação do Espírito de Deus não é um tipo de possessão espiritual, pois o Espírito não toma o controle da consciência da pessoa em que se manifesta, e fica submetido a ela (1Co 14:32).
Ele não precisa ter de entrar, incorporar em você, ou desincorporar, pois ele está sempre presente, te influenciando, te estimulando a agir para o bem, a paz e a harmonia, e sempre que for a respeito da salvação de uma alma.
Ele coloca as palavras a serem ditas na boca da pessoa, para que as pessoas ao redor recebam sua orientação espiritual, porém permanece sujeito à consciência do instrumento em uso.
O efeito de sua manifestação é de profunda paz que é transmitida a todos ao redor (Rm 8:6).
O teor de sua comunicação é, sempre, de edificação espiritual e nunca de natureza terrena ou material (1Co 14:3). Ela toca diretamente na ferida, revelando pensamentos, intenções boas ou ruins que passa na mente daquele a quem é dirigida a comunicação.
A aproximação da pessoa em que ele habita afugenta, repele, qualquer manifestação ou espírito maligno que estiver incorporado em pessoas ao redor. A sua presença incomoda e denuncia os espíritos malignos que as acompanham (Mt 8:29).
Um outro aspecto da influência espiritual no ser humano e que é uma forma de possessão, da qual não se fala, não se é divulgado, é a possessão maligna camuflada pelos desejos e prazeres da carne.
Os desejos nos fazem buscar meios para satisfazê-los, o mais rápido possível, a fim de que “nós” possamos desfrutar o prazer. Na verdade, são as manifestações malignas que querem desfrutar o prazer.
O desejo é considerado uma sensação normal do ser humano e é por isso que não é considerado uma manifestação espiritual, muito menos maligna. O seu efeito na carne, porém, é devastador, chegando à loucura mental, à aniquilação do corpo.
Devemos lembrar que tudo que promove a satisfação carnal é de origem maligna. Por outro lado, tudo o que promove a satisfação espiritual, voltada para o bem coletivo e para a edificação espiritual de todos, é de Deus.
Portanto, ao analisarmos os nossos desejos, veremos que eles buscam a satisfação pessoal, individual, nutrindo e fortalecendo o egoísmo.
Por exemplo, se você gosta muito de torta de banana e quando vê uma, fica doido para comê-la, pode ter certeza que você está sendo usado para satisfazer a manifestação maligna que te possui.
Se você está com muita fome e ao se alimentar, come muito, três pratos cheios de comida, você está sendo usado pela manifestando maligna.
Se você se torna indignado, agressivo, quando contrariado ou criticado, você está sendo usado pela manifestação maligna. Também, se você fica irado, quando é contrariado em alguma opinião ou atitude, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Se você sente raiva por ter sido difamado, injuriado, é mais uma manifestação maligna.
Se você sente raiva, ódio e xinga a quem bate em teu carro, ou te fecha no trânsito, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Se você se sente desanimado, sem coragem, indisposto, com preguiça, é uma manifestação maligna que te faz doente.
Se você sente dores, enfermidade, mal estar, também, você está sendo vítima da manifestação maligna.
O uso de bebidas alcoólicas e entorpecentes que te levam ao vício é uma manifestação maligna.
Se você é tarado, ou tarada, por sexo e fica olhando, insistentemente e constantemente, para mulheres e homens, pensando continuamente em sexo, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Se você fica eufórico, extremamente alegre, por uma ocorrência muito boa na vida, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Quando você ganha na loteria e fica quietinho, para que ninguém saiba, mas dentro de você está transbordando de “felicidade”, ou pelo contrário, você sai irradiante, contanto para todo o mundo, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Quando você encontra a mulher, ou homem, dos teus sonhos e fica exalando a tua felicidade, você está sendo usado pela manifestação maligna.
Comer, beber, dormir, se alegrar, se divertir, fazer sexo e ir ao banheiro são necessidades básicas e naturais de todo ser humano e é por este caminho que o maligno nos usa, aproveitando da brecha espiritual que permitimos abrir, quando nossos pensamentos se empolgam com os prazeres carnais, em vez de estarem ligados no bem coletivo, no amor serviçal para com todos, na paz interior e na missão do Senhor. É uma questão de identificação com as coisas do mundo, de dar da nossa vida e energia para coisas e eventos terrenos, quando focamos, gostamos e buscamos interagir com eles, para tirar proveito das ofertas disponíveis no mundo (1Pe 4;3; 1Co 7:29-31).
O maligno, conhece a nossa natureza humana, errante e transgressora. Ele sabe que a nossa carne é ávida por prazer. Então ele usa as suas estratégias para, por meio da carne, nos desviar do caminho do Senhor. O mundo é tudo o que ele tem e, portanto, se torna o palco de suas ofertas e apresentações. Se você quer estar na plateia, assistindo, então você já foi iludido. Fique sabendo que você será convidado para subir ao palco e ser um agente na performance, fazendo com que outros desejem, também, participar.
Veja bem, em todos estes exemplos acima, e centenas, senão milhares de outros exemplos que poderíamos citar, vemos uma condição desfavorável para que você tenha a liberdade de ser edificado pela presença do Espírito e agir com entusiasmo e disposição em prol da missão do Senhor.
Você perde a liberdade de ser, pois fica enfeitiçado, aprisionado pelas infinitas possibilidades de satisfazer a carne. Todas as possibilidades ocorrem no contexto do mundo material, envolvendo os desejos e a fraqueza da carne.
Como ficar livre destas manifestações malignas que se apoderam de nós, furtivamente, sem que percebamos?
A nossa principal atitude é estar consciente de como elas agem na carne e vigiar para não cair em tentação. Se você não estiver consciente de suas manifestações, você vai cair em tentação, certamente.
Manter teus pensamentos focados no Senhor, na sua missão, no bem coletivo, alimentar sentimentos altruístas, e estar envolvido com estes sentimentos (Mt 26:41; Lc 21:34-36; Cl 3:1-3; 1Pe 4:7,8-9).
Por último, no caso de não conseguir o auto controle de si mesmo, dos anseios da carne, é a prática do jejum, a abstinência consciente das solicitações da carne (Mt 17:21). O jejum é uma forma de fazer as manifestações malignas ficarem insatisfeitas, por não receberem o que elas querem, e buscarem se livrar de você. Esta exortação é válida até para o nosso relacionamento com o parceiro (1Co 7:32-35; 7:5).
Você pode achar que estou exagerando, mas as referências bíblicas é que falam o que estou dizendo.
Precisamos e devemos estar conscientes de que, segundo referências bíblicas, no mundo espiritual há níveis de glória que poderíamos chamar de hierarquia espiritual, ou níveis de céu.
Na parábola de Lázaro, Jesus nos fez uma analogia que ilustra os níveis e suas separações (Mt 11:11; 2Co 12:2; Lc 16:23,26).
Todos os que estão no mundo espiritual estão lotados em níveis, desde os arcanjos e anjos, até os espíritos dos mortais, vivos na terra, e dos mortos, onde ficam adormecidos ou perante o trono de Deus (Ap 7:9; 20:12).
Portanto, não se trata de um assunto estranho, ou de possibilidades estranhas, ou de fruto de minha imaginação. Passei por experiências, ditas espirituais, as quais serviram-me para o entendimento de como as coisas acontecem no mundo espiritual, corroborando o que está escrito de forma velada.
Este é o meu testemunho, do que eu acredito, com base no que aprendi das Escrituras e do Evangelho, e do que o Senhor me mostrou até hoje.
Que cada um busque na Fonte, o Espírito Santo, as respostas para todos os questionamentos que, certamente, vão surgir.
O Senhor Jesus nos deixou, no evangelho, um profundo conhecimento do mundo espiritual que ele chamou de reino dos céus. Basta a cada um, agora, que tem ouvidos, ouvir.
[1] NT – Novo Testamento