Após formado o grupo de sacerdotes do deus que criamos, o próximo passo é providenciar um lugar para os crentes se reunirem e o adorarem, pois é ali que o deus vai sempre estar.
E assim as coisas do homem continuam a acontecer.
No tópico anterior falei sobre os sacerdotes, os guias espirituais das religiões do cristianismo. Agora, vou falar sobre o que vem depois da instituição do sacerdócio, ou seja, a construção de templos e igrejas, a casa para acomodar os deuses, realizar os rituais e celebrações, receber os fiéis, armazenar as doações e ofertas a serem coletadas, tudo visando levantar os recursos necessários para consolidar o estabelecimento da religião.
Todo este processo, bem como o empenho para construções de igrejas e templos são iniciativas anticristãs.
Infelizmente, a existência das igrejas cristãs na Ásia Menor, como resultado do evangelismo de Paulo, o apóstolo de Jesus Cristo, tem sido o argumento mais utilizado para justificar e reforçar o estabelecimento de grupos religiosos separatistas, ou igrejas, que se justificavam pelas diferenças de pensamentos, doutrinas, filosofias e crenças (Ap 1:4).
Embora não tenha sido esta a razão da existência daquelas igrejas, elas foram unidades estabelecidas nas cidades citadas, não porque eram prédios, construções ou instituições religiosas, mas porque eram pequenos grupos de crentes que lá viviam, comungando a mesma fé. Não eram igrejas construídas, como alguns afirmam acreditar.
Porém, este pensamento separatista foi uma das formas materializadas da apostasia que se perpetuou no cristianismo e que o tornou um movimento diversificado de religiões anticristãs que declaravam ser representantes e propagadores da fé cristã.
A falta de identificação e comprometimento com o evangelho de Jesus é o que torna qualquer movimento religioso, anticristão. A ausência dos princípios e conceitos do Evangelho de Jesus é o que levou as religiões do cristianismo a se perder na confusão de doutrinas, crenças e moção sectária.
Analisemos que o Senhor Jesus, a pessoa central em seu evangelho, o fundamento da fé cristã, não fez qualquer menção sobre a necessidade de ser ou se tornar um grupo distinto e identificado publicamente, com locais determinados de encontro, isto é, igrejas, santuários e templos. A sua mensagem era diferente do pensamento geral de seu povo e de sua época, mas com um forte apelo à consolidação de um único reino, o celestial, em vez de promover um reinado material, terreno.
Naquela época, existiam grupos que se distinguiam por rótulos ou identificadores, devido a formas diferentes de crer sobre as Escrituras. Os fariseus, os saduceus, por exemplo, eram alguns destes.
Uma coisa é certa, eram constantemente repreendidos pelo Senhor, tanto pelas diferenças doutrinárias, quanto pela conduta reprovável perante os princípios da Lei que professavam obedecer.
A principal razão da reprovação era a hipocrisia que sustentavam no viver diário, um proceder exterior em desacordo com o interior.
Este grupo, ou movimento separatista, evidenciou a sua incapacidade de entender as Escrituras e o poder de Deus, demonstrando que a sua doutrina, ou filosofia, estava errada e não foi suficiente para reconhecer o Ungido de Deus (Mt 22:29). A sua ânsia separatista, por acreditarem estar certos e os outros, errados, era a prova de que estavam errados.
Pela mesma trilha andaram os outros grupos, tanto na época de Jesus, como vem acontecendo até aos dias de hoje, com todos os grupos encubados no cristianismo.
A vontade de Deus, o Pai, sempre foi que houvesse a união, a agregação, em vez de divisão. Unir é o propósito divino. Dividir é o propósito antidivino.
Deus, o Pai, sempre buscou unir o Seu povo, Israel. Ele sempre buscou a reconciliação com Seu povo. Jesus, enquanto em seu ministério terreno relembrou este propósito (Mt 23:37). O Cristo, veio a este mundo para reunir, em si, a sua igreja, para que ela pudesse estar no Pai, assim como ele estava. O propósito foi e ainda é unir, estar nele (Jo 17:21).
Este é o mistério da unidade que demonstrou ser inconcebível para a mente separatista do cristianismo, ao inventar a doutrina da trindade (1Tm 3:16). A falta de visão desta unidade e o apego às letras demonstravam a cegueira, da qual foi dita pelo Senhor (Mt 13:13-15).
Os primeiros crentes em Jesus Cristo não procuraram ser um grupo separado e sequer tinham um nome para identificá-los. Eles foram chamados de “cristãos”, porém, não foram eles que se identificaram como cristãos. Foram os de fora que assim os chamaram, provavelmente devido ao testemunho que davam em suas atitudes e condutas de uma vida transformada pelo Senhor Jesus (At 11:26). É mais provável que tenha sido um adjetivo pejorativo, de deboche, tal como os crentes foram e são chamados, debochadamente, de “crentes”, ou de “glórias”, ou de “aleluias”.
Da mesma forma, o budismo, o hinduísmo, o islamismo, o xintoísmo, o comunismo, o socialismo, o capitalismo, ou qualquer outra forma de pensamento ou filosofia. Todos são frutos da mentalidade humana, alicerçados no homem. Sendo assim, não devemos achar que Deus, e a Sua vontade, esteja nisso.
Agora, ao falar da mentalidade humana, estou falando de um distúrbio que ocorre na Verdade. Um distúrbio porque é uma formação de consciência limitada que se considera como sendo a primícia da criação divina e que se valoriza como sendo a expressão da imagem divina. Logo, podemos entender porque para cada cabeça temos uma sentença, isto é, para cada cabeça temos um grupo, ou um movimento diferente.
Você pode dizer que estou exagerando, mas os fatos comprovam. E os fatos estão na nossa frente, na nossa cara. É o impulso para a divisão em todos os aspectos da humanidade. Desde países, ou nações que se separam porque acreditam serem diferentes, querem ter suas terras, sua língua, seus costumes, seus reis, até gangues de bairro que, também, querem exclusividade de território e de domínio. Desde religiões, reclamando ter representatividade divina, até preferências por time de futebol. Desde conceitos de beleza até a última moda verão. Em tudo vemos a mente do homem criando opções que outros homens devem escolher. É o exercício da liberdade deste mundo.
Será que podemos chamar esta diversidade de opções e esta oportunidade de escolha de “liberdade”?
Se esta oportunidade de escolha é a evidência da existência de infinitas opções, então esta liberdade não passa de uma anomalia na expressão da verdade.
A verdade é o fim do caminho para um único foco, para uma única referência, para uma única solução que satisfaz a todas as possibilidades. Por isso ela é a referência absoluta.
A verdade é o fiel da balança que denuncia diferenças, desigualdades. Ela não é o caminho da direita, ou da esquerda, mas o caminho do meio. Jesus era quem estava na cruz do meio. Ele era o homem do meio.
A diversidade ou possibilidade de infinitas opções de escolha não representa a Verdade e, portanto, passa ser uma mentira, uma ilusão de uma mente alucinada, uma doença mental que se manifesta por um sintoma: o desejo. O desejo pelas infinitas formas de prazer.
O prazer é uma manifestação carnal do homem. Em outras palavras, é o efeito final da mistura complexa de diversas sensações da carne, atuando na mente. Se for anunciado pela mente, então está relacionado à psique humana e, por conseguinte, a um estímulo em nossa mente consciente e inconsciente. Se a nossa consciência fica subjugada a uma infinidade desses estímulos, então somos subjugados pelos nossos desejos. Logo, o desejo é o responsável pelo aprisionamento da consciência em busca de atender à demanda do prazer.
O prazer é a voz que diz “eu quero porque é muito bom” e o desejo é o servo que diz “vou providenciar pra já!”. E a mente consciente, coitada, sofre o ataque incessante dos estímulos do desejo, até que haja a satisfação.
Este é um problema sério para os maridos quando precisam, a todo custo, satisfazer os desejos difíceis de suas esposas grávidas. Afinal, qual é o bom marido que não faz de tudo para ver sua esposa bem? Este é o prazer do marido e o desejo de agradar a esposa faz com que ele faça de tudo para satisfazer a ela. Ao conseguir ele satisfaz a si mesmo.
Num mundo em que o homem, digo, o maligno, conhecendo a natureza humana, inventa infinitas formas de proporcionar prazer, o ser humano fica à mercê da satisfação, estimulando o egoísmo em favor da sua autopreservação e continuidade. Afinal, porque não tirar proveito e usufruir de tudo que se gosta?
O desejo, então, é volúvel, inconsequente, irresponsável, sem comprometimento com nada, a não ser com a satisfação do prazer. É o que faz do homem ser um ser humano, isto é, um ser volúvel, instável, mutável, indisciplinado, incapaz de agir por uma consciência coletiva de justiça e imparcialidade.
O prazer motiva o ser humano a inventar e deixar ser levado por modismos e conformismos que o satisfaçam. O prazer não vê a importância de buscar o bem comum, acima do próprio. Se o coletivo não lhe motiva tanto, ou mais que o self, então o prazer é de natureza carnal e incapaz de sentir a influência do Espírito da unidade.
O prazer, quando se torna uma doença crônica, ele anseia pelo poder. O poder lhe garante a autossatisfação e a continuidade. O poder é o instrumento mais eficaz para quem quer impor seu pensamento, seu ponto de vista, sua vontade, sua verdade.
Assim, vemos o homem buscando o poder em todos os aspectos da humanidade, mas é muito marcante no âmbito da religiosidade, pois viabiliza o controle da massa pela imposição física, psicológica e pelo sectarismo.
O sectarismo sempre provém da discórdia e da incapacidade do consenso. A intenção de separar por discordar é a solução mais óbvia para quem é alimentado pelo prazer de controlar.
A religião é o resultado do sectarismo, da fragmentação da fé promovida pelo poder.
Se a fé não for fragmentada, não existirão vertentes. Logo, a fragmentação da fé é a evidência da ação de poder do homem sobre o homem. Quem aceita a fragmentação, o faz porque acha natural a diferença, a discórdia. Quem aceita a diferença, o faz porque acha natural a parcialidade. Quem aceita a parcialidade, o faz porque justifica a injustiça. Quem aceita a injustiça, o faz porque é iníquo, isto é, inimigo da equidade. Quem é inimigo da equidade é inimigo de Deus. Logo, quem busca e anseia pelo poder é inimigo de Deus, pois todo poder pertence somente a Deus.
Assim, o anseio pelo poder esconde, sutilmente, o prazer de controlar, de estar por cima, de ser o maior, o supremo e soberano.
Me parece que a tendência megalomaníaca se aloja no âmago da personalidade humana.
O megalomaníaco tem uma extrema necessidade de autopromoção. Deseja a honra, o mérito, a glória, o estrelato, pois a notoriedade é o atributo que lhe garante ser reconhecido, elogiado, estar por cima, ou alcançar a supremacia e poder. Tem na ambição, o mais desejado nutriente para sustentar a sua máquina de ganância.
Pessoas megalomaníacas buscam desesperadamente por prestígio, fama, evidência. Gostam de sobressair-se no grupo, de serem consideradas, de serem o alvo das atenções, de ocupar posições elevadas, de liderança, de serem autoridades. Querem sempre ser as melhores em tudo, as mais importantes, as mais espertas, as mais inteligentes, as mais cultas, as mais racionais, as mais corretas, considerando-se as únicas certas e detentoras da verdade. Precisam ser as mais bonitas, as mais velozes, as mais ágeis, as mais preparadas, sem se importar com os meios que venham a utilizar para vencer.
São extremamente ambiciosas e facilmente corruptíveis. São pessoas arraigadas no mundo, desejosas das coisas do mundo, ambiciosas pelas oportunidades do mundo, alimentadas pela vontade do mundo.
Não valorizam o consenso, pois suas opiniões são as melhores e as únicas certas, a “Verdade” por excelência. As suas atitudes impositivas geralmente promovem a discórdia, a divisão, a concorrência e, consequentemente, a disputa e o conflito.
Para serem convincentes e exercerem influência, se esmeram na arte da persuasão, com o intento de vencer, por ganhar a maioria. Gostam de usar as palavras, em vez do agir. O que lhes vale é a lei do mais forte, do que fala mais alto. Quando no poder, suas estratégias de controle são o medo e a força.
O ditado “dividir para conquistar” é a estratégia de um mundo megalomaníaco dominado pelo egoísmo e poder. O egoísmo e o poder são as causas do desentendimento, das dissensões, do preconceito e da violência. O controle egoísta é que alimenta conflitos civis e sociais, a marginalização, a separação, a exclusão, a segregação, e que sempre caminha para a direção do fim – da destruição, da morte, da extinção.
O homem megalomaníaco segue em frente na sua corrida desenfreada de separação. Valoriza as diferenças em vez da igualdade; cultua o exterior em vez do interior; dá toda importância ao possuir em vez do doar, ao acumular em vez do distribuir; levanta muros em vez de abrir caminhos; isola-se na sua individualidade em vez de somar-se ao todo.
Este dividiu a sua fé em religiões para atender aos anseios individuais. Intermináveis facções, cada uma procurando se estabelecer como padrão maior.
O anseio pelo poder continua agindo para obter o controle da fé. Oferece-se religiosidade em vez de espiritualidade. Utiliza-se do nome e da mensagem de Jesus, o Salvador, mas deixa de lado o seu princípio de verdade e santidade.
Jesus, o Cristo e Salvador, não veio para formar ou fundar religiões. Sendo judeu, reprovou a religiosidade da sua época, pois sabia que por trás dela, ocultava-se a hipocrisia. Sendo cumpridor da Lei Mosaica, conhecia a razão principal dos rituais e cerimoniais, assim como da importância do Templo, a Casa de Deus (Mt 21:13). Nem por isso ele se empenhou em construir templos ou igrejas e, tão pouco, encorajava a adoração por rituais. Ele ensinava em qualquer lugar e a qualquer hora, a aqueles que iam ao seu encontro.
Sobre o templo, ele comentou da destruição material que sofreria, ao mesmo tempo em que se referiu ao verdadeiro templo, seu corpo, que seria destruído e ressurgiria (Lc 21:5-6; Jo 2:19-21).
Ele era o lugar de encontro para aprender, pois ele era o Mestre. Ele era o lugar de repouso, pois ele era o tabernáculo de Deus, o tabernáculo da nova aliança (Hb 4:9). Ele era o porto seguro, a rocha eterna, o esconderijo do Altíssimo. É nele que devemos estar em vez de em prédios ou igrejas materiais.
Hoje, o que vemos são organizações fundadas por homens e sob a guia destes, com todos os esforços para a formação de patrimônio material e financeiro, formalização eclesiástica e administração de ativos humanos. Tem-se como visão o crescimento e expansão da organização como meio de propagação da fé cristã.
Porém, é errônea e anticristã a visão de que a multiplicação de religiões, igrejas e templos cristãos seja o sinal de que Deus está alcançando as pessoas, por meio de uma e de outra. Não devemos aceitar a ideia de que se há crescimento deste modelo é porque Deus está promovendo esta ação. Ao aceitarmos esta visão estamos concordando com o conceito maligno da diversidade, tal como este mundo o aceita e o promove. Estaremos esquecendo que no mundo de Deus, no reino celeste, o conceito da união, da comunhão, é o que é de Seu querer. Portanto, a diversidade humana é o resultado do afastamento da unidade divina. É do maligno, pois é o inverso da unidade.
Muitos pensam que Jesus Cristo aprovou a existência de outros grupos, ao repreender a seus discípulos, por terem proibido uma pessoa de expulsar demônios, porque não fazia parte do grupo, não andava com eles (Lc 9:49).
Quando um milagre “acontece”, pelo poder que há no nome do Senhor Jesus, só pode ser o Senhor agindo, pois se não o fosse não aconteceria. Porém, precisamos ser muito cautelosos em relação a milagres, pois há aqueles que não são expressões da ação divina [1].
Esta situação nos mostra que o fato de não estarmos no mesmo grupo, ou religião, ou igreja, não é relevante. O assunto em questão é se estamos, ou não, no Senhor Jesus, se ele nos aceitou, ou não, para estarmos nele, sermos um com ele, assim como ele e o Pai o são (Jo 10:30; 15:4-7; 17:21).
Se estivermos nesta condição, fazemos parte do mesmo grupo, ou em outras palavras, do mesmo corpo espiritual, da mesma igreja espiritual, em vez do grupo ou corpo ou igreja física, material.
Esta é uma realidade muito particular de cada indivíduo que se aproxima do Senhor e ninguém é capaz de julgar.
Não podemos fechar os olhos, tapar os ouvidos, sedar nossas consciências só porque há crescimento numérico, quantitativo.
Onde está o crescimento qualitativo, isto é, de qualidade espiritual?
Aquele que identifica o nível de comunhão com Jesus Cristo?
Aquele que evidencia o grau de intimidade no relacionamento com o Senhor e Salvador?
Aquele em que as manifestações visíveis, os frutos, as obras, são genuinamente de salvação das almas?
Aquele em que vemos o sobrenatural acontecendo de forma natural, comum, corriqueiro, simples?
Aquele que revela as varas que são da videira verdadeira (Jo 15:1)?
No corpo onde o Senhor Jesus é a cabeça, as mãos podem não serem sãs, mas curam, os olhos podem não ver, mas fazem ver, os pés podem não andar, mas levantam paralíticos, a boca pode não falar, mas é capaz de anunciar ao Senhor, pecados são remidos e a alma é santificada, demônios não suportam e fogem, a saúde física e psíquica é total e plena, o evangelho do reino é vivido, sinais e maravilhas acompanham, intenções e propósitos ocultos são expostos, o corpo irradia a sua luz.
Neste corpo há vida em abundância. Este corpo não morre, não diminui, não desvanece, não esfria, não se torna morno, pois nele há vida eterna.
Deixemos de olhar para a habilidade humana, para a capacidade humana, para a intenção humana, pois tudo o que vamos enxergar são números, quantidades e opções.
O homem nos oferece um leque de opções para escolhermos, no intuito de satisfazer o nosso prazer carnal, promover o nosso bem estar material. Ele nos oferece credos, doutrinas, rituais, preferências, modos operantes tão diferenciados quanto a diversidade dos desejos do prazer humano.
Podemos até ser levados a pensar que se não estivermos vinculados a um grupo, a uma igreja, a uma denominação religiosa, estaremos errados, em pecado. A este pensamento, eu chamo de dogma religioso, onde atribui-se a Deus a pressão psicológica de se estar em erro, ou pecado, se não obedecer, ou cumprir, o dogma.
Se você não amar a, e não sentir prazer na verdade, a pressão psicológica do dogma vai te levar a crer que este pensamento de vinculação é o caminho, a única forma como você pode se aproximar de Deus.
É mais uma grande mentira que o diabo tem inventado no mundo religioso cristianizado. A existência de inúmeras religiões e igrejas apenas sinalizam o resultado do bom trabalho do maligno. E não pense que você estará imune de estar sendo enganado por ele. Se você estiver em apenas uma, ou se você estiver em qualquer uma, você já está sendo enganado, porque todas são frutos do homem, agindo em prol da vontade do maligno.
Lembre-se que Jesus Cristo é a igreja, o local de encontro de todos os que creem nele. É nele que devemos estar, em vez de qualquer outro lugar físico (João 15:4,7).
Você pode até dizer: “mas, a grande igreja universal de Cristo está espalhada por todas as igrejas!”.
Ou ainda, “é melhor estar numa igreja do que estar no mundo!”.
Leia o relato do que aconteceu com o casal, Ananias e sua mulher, Safira (At 5:1-12). Veja que, onde está o Espírito de Deus, encontramos pessoas zelosas pela verdade, comprometidas com a santidade, de coração puro, em perfeito louvor, em adoração espiritual, praticando o amor divino e vivendo a vontade de Deus. O pecador e o seu pecado não permanecem ocultos no meio deles. O Espírito Santo denuncia e revela o pecado, e elimina o pecador ou converte a alma pecadora para a sua salvação. Ananias e sua esposa não estavam conscientes de onde punham os pés e morreram.
Eu pergunto: onde temos visto, ou ouvido, notícias de que pessoas morrem nos bancos e palcos de igrejas?
Se isto não está acontecendo, só posso concluir duas coisas: ou todos lá presentes são santos, ou o Espírito não está lá presente, atuando na remoção do pecado, ou do pecador.
Eu concordo que o mundo é o pior lugar para se estar, mas, no estado atual que vemos as religiões, sua atuação e a performance de seus integrantes, é flagrante observar que o mundo está dentro das igrejas e sem disfarce.
Nenhuma instituição humana, regida por mentes humanas, edificadas por mãos humanas, pode ser considerada instrumento de salvação, simplesmente porque, quem realiza a salvação é o Espírito de Deus.
Nenhum esforço humano pode ser considerado válido ou de utilidade divina, simplesmente porque, um cego não pode guiar outro cego (Mt 15:14). O esforço de santidade de um pecador não tem efeito de purificação sobre o pecado de outro pecador. A não ser para levá-lo a pecar ainda mais, por crer no esforço do homem. E isso é o que mais vemos acontecer nas religiões do cristianismo.
Se o esforço humano fosse suficiente, não haveria necessidade de o Senhor ter vindo a este mundo, ter morrido na cruz em nosso lugar, ter derramado seu sangue puro, limpo, sem pecado, para nos remir do pecado. Só o sangue limpo pode purificar o sangue contaminado, assim como, apenas a água limpa pode purificar a água contaminada.
Esta é a glória do Senhor Jesus Cristo que ninguém pode tirar dele, ou menosprezar, apesar das investidas do maligno, utilizando a religiosidade humana.
A religiosidade tem sido e é o caminho estratégico do maligno, fundamentada no querer fazer. E o homem carnal, cheio de si, é o instrumento favorito do maligno, para querer fazer, para promover o seu caminho.
Quanto mais igrejas, rituais, cerimoniais, ordenanças e mandamentos para serem cumpridos, tanto maior é a devoção, a aparência de espiritualidade. Quanto mais programas de caridade, de ajuda social, de recuperação de drogados, de alcoolizados, tanto maior a aparência de se estar na vontade de Deus. Quanto mais imponência eclesiástica, maior tamanho de catedrais, maior quantidade de igrejas, maior número de fiéis, maior riqueza material, tanto maior a aparência de estar no caminho certo. Por isso, maior é o empenho para se alcançar esses objetivos. Por isso, maior é a soma de dinheiro necessária para a realização de tamanhas tarefas. Por isso, é notória a ausência do Espírito de Deus, no meio deles.
Jesus Cristo ensinava e orava onde quer que estivesse; fosse nos campos, nos montes, na beira do mar, em sinagogas ou no templo. A pobreza, a simplicidade, a humildade eram marcas notórias, visíveis, no seu ministério. Não necessitava de bíblia, de púlpito, de palco, de bancos ou cadeiras, de mesa e utensílios, de cortinas, de luzes, de música, de microfone, sons e efeitos. Precisava apenas abrir a sua boca e anunciar as boas novas de Deus, a salvação da nossa alma e a vida eterna que a fé nele nos concederia.
A busca por este suporte material nas religiões deste mundo em que vivemos é a evidência da forte ação humana e ausência da ação divina.
A atitude e os ensinamentos do Senhor indicam que não há um lugar físico específico para nos encontrarmos com Deus e adorá-lo. Ele foi claro quanto ao lugar certo de adorar a Deus. Os verdadeiros adoradores vivem a adoração espiritual, ou seja, em espírito, em vez de usar o intelecto, ou o corpo ou as coisas (Jo 4:20-23).
A classe religiosa da Sua época, rica, eclesiástica, nobre, rejeitou a simplicidade e a pobreza daquele que era o Libertador, o Escolhido de Deus, o Ungido, o Enviado, o Messias. Esta mesma classe, hoje, ainda rejeita e expõe o nome, a mensagem, e a missão do Cristo, ao ridículo, à vergonha, à depreciação, quando o inserem nos seus evangelhos, nas suas filosofias, nos seus padrões, nas suas normas e doutrinas, nos seus planos e programas, nas suas igrejas, nos seus púlpitos, nas suas músicas e livros.
Este mundo é um mundo religioso, porém desprovido de Deus.
A busca pelo poder, em todos os aspectos da humanidade, tem aprisionado o ser humano num círculo autodestrutivo. Para que o ser humano possa ser livre das correntes desse profundo egoísmo que o isola e o separa do seu semelhante e do seu criador, o Altíssimo enviou Seu filho, Jesus, com um conhecimento fabuloso das estratégias de domínio utilizadas pela força maligna deste mundo, para que, por seus princípios, sua palavra e conduta, fosse exemplo, fosse o caminho de saída desta prisão psicológica e ideológica.
Devido à sua natureza divina, Jesus Cristo viveu neste mundo sendo dirigido por padrão totalmente diferente desse mundo, ao qual ele chamava de “a vontade do Pai”. Seu ensino conduzia as pessoas a pensar no reino de Deus, em vez de no reino terreno. Sua ênfase era a vida espiritual, em vez da vida carnal. Lembrava as necessidades do espírito e da alma, em vez das necessidades do corpo. Vivia a humildade, embora manifestasse um poder sobrenatural, sobre-humano, para mostrar que a arrogância do poder humano era impotente, frente ao poder de Deus.
O seu padrão de vida, a sua mensagem, a sua postura e atitude, eram opostos, chocavam-se com, e em nada favoreciam os padrões humanos.
Ele mostrou outra forma de ser e agir. Ele mostrou que o ser humano tem a capacidade de vivenciar o amor divino e que, por este amor, pode chamar as almas deste mundo, para serem a glória do Criador. Ele mostrou que a fé nele pode realizar o impossível.
Ele mostrou que nele e através dele, havia uma forma de escapar do mal desse mundo e voltar a viver no mundo do Pai. Ele se empenhou em concentrar nele a fé das pessoas para acabar com as diferenças criadas pelas várias fantasias da mente humana.
Por meio da fé ele buscou ampliar os limites da consciência humana para além do que pode ser visto, ouvido, sentido e compreendido.
Apesar de todo o seu empenho, de uma vida dedicada ao amor do ser, em vez da ganância do ter, foi assassinado pela arrogância, pela diferença, pelo individualismo, pelo egoísmo, pelo frágil, insípido, temporário, cego e ilusório “poder” humano.
O verdadeiro cristão, porém, tem na pessoa de Jesus a verdadeira casa de Deus de culto e adoração.
Ele é o meio, o caminho, a Palavra e a porta da salvação. Ele é o verdadeiro Santuário, a igreja espiritual, já edificada, não por mãos humanas, para que todos possam ser um com ele, em vez de se apresentar.
Ele fez conosco uma nova aliança e esta é espiritual, pois vivemos sob o ministério do Espírito e não mais sob o ministério da morte, de letras gravadas em pedras. Ele é o mentor de uma aliança espiritual, em vez da aliança carnal.
Neste novo pacto, trazemos a marca gravada no coração e não mais no despojo da carne (2Cor 3:1-6).
Outro aspecto importante que quero considerar é que a criação, a fundação e a manutenção, de instituições religiosas, bem como, a construção de templos, santuários e igrejas, geram custos que as subjugam à dependência financeira e de suporte material.
Acredito que não seria necessário mencionar que aqui está mais um sinal da cegueira das religiões cristianizadas, quanto ao propósito maior da mensagem do Senhor Jesus.
Todos sabemos que uma organização, uma instituição humana, gera custos provenientes de construção, manutenção e salários, sobrecarregando os fiéis ou adeptos, pois instituições religiosas não tem fins lucrativos, não produzem bens e não geram renda. Logo, elas dependem exclusivamente da contribuição de seus membros.
Me parece incoerente esta condição legal, já que, no meu entendimento, se alguém recebe algum aporte financeiro, ou paga uma remuneração, então está se configurando uma operação que envolve transferência monetária ou material, com um fim lucrativo, pois alguém está ganhando o que não tinha. Afinal, quando alguém ganha mais do que tinha, ou do que deu, há lucro. Se há lucro, então teve um resultado, um fim lucrativo.
Assim, tanto a instituição, quanto os integrantes da instituição, que recebem mais do que tinham antes, tem lucro.
Até agora, me parece que os únicos que não receberam nada foram os membros adeptos e, ao contrário, tiveram prejuízo, pois o que tem agora é menor do que tinham antes. A não ser que tenham recebido algo de valor emocional em troca que tenha sido de equivalência, ou justo.
Do exposto, me parece que instituições religiosas também se enquadram como empresas comerciais, pois auferem lucro.
Nas instituições religiosas existem muitas formas de prospecção de fundos, mas a mais utilizada é a arrecadação por meio do dízimo e da oferta.
Considerando este aspecto, qual é mesmo o propósito maior da mensagem do Senhor Jesus?
A resposta é bem simples: “de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:8).
Logo, também é correto dizer: se pagou para receber, deve cobrar para dar.
Se as instituições religiosas não receberam de graça, ou tiveram de pagar a Deus, para receber dele alguma coisa, é certo que não podem dar gratuitamente. Devem cobrar um valor específico, proporcional ao recebido, recolher o imposto de renda e fornecer o recibo sobre a transação financeira praticada.
Agora, se elas receberam de graça, então não devem cobrar, ou receber, mas sim, dar gratuitamente. Neste caso, não faz sentido a cobrança de dízimos e ofertas.
Se não for uma clara demonstração do desconhecimento do reino de Deus, então é uma excelente artimanha maligna para alimentar os interesses de enriquecimento e grandeza da instituição religiosa cristianizada, à qual chamam de religião, ou igreja.
O peso da carga infringido aos fiéis revela o caráter maligno desta atitude, pois acaba sendo, implicitamente, uma obrigatoriedade (Mt 9:13; Zc 4:6).
Em nome dos interesses da “obra de Deus”, as pessoas são enganadas pois não conhecem os fundamentos do Evangelho do Senhor Jesus. Também, não é conveniente para a instituição que seus adeptos sejam devidamente instruídos. Eles são ávidos e se esforçam por filtrar o que os fiéis devem receber.
A doação voluntária que é amada por Deus, não é uma imposição de sua parte. Ele não impõe e não obriga ninguém a fazer qualquer coisa. Aquele que sente de se doar, voluntariamente, o faz de forma plena; 100% de seu serviço, de suas forças, de seu entendimento, de sua alma, para o fim de salvação de uma alma, em vez de 10% do que possuí para fins materiais humanos.
O fato de as instituições necessitarem do dinheiro, ou do bem material, para subsistirem, demostra a impotência espiritual daqueles que lá estão, e o quanto estão distantes do verdadeiro evangelho de Jesus. A instituição nada é perante Deus, mas as pessoas nela envolvidas é que são o alvo de sua reprovação, ou de sua salvação.
É completamente sem sentido e carente de natureza espiritual, dizer que meios e suportes a construção, ou a aquisição de propriedades, áreas e terrenos, veículos e tantas outras tralhas materiais, são para o Senhor, são para o seu propósito.
Coisas materiais são irrelevantes, desnecessárias para a realização da obra de Deus. Ele não precisa de coisas, de objetos, ou sistemas, para operar e não usa destes artifícios. Esta mentalidade material e institucional é maligna, é deste mundo, é do homem e tem sido difundida e empregada no cristianismo.
O Senhor opera com as pessoas, como instrumentos de realização de sua missão. Ele busca a disposição voluntária e a disponibilidade nas pessoas, para realizar a sua obra, a sua missão de salvação das almas. E quando uma alma se arrepende há grande alegria nos céus (Lc 15:7).
O Senhor nos ensinou de forma bem clara, para que não houvesse dúvida, que o dinheiro é do homem e nada tem a ver com Deus, que a riqueza não é de Deus, que o entesourar na terra não é de Deus, que o possuir da terra não tem valor para Deus (Mt 6:19-21,24,33-34; 10:9-10; 19:21-24; 22:17; Lc 8:14; 12:15,19-22, 32-34; Mc 4:19; 10:23-24; Jo 14:2; Tg 5:1-6)
Jesus foi decisivo ao dizer que a nossa vida no mundo deve ser totalmente livre, desvinculada de interesses por bens, por coisas e riquezas.
Se o Senhor, nosso Deus e Salvador, Jesus, nos ensinou assim, por que o cristianismo tem reforçado a busca e o uso de coisas materiais, de recursos financeiros, de patrimônio, e um bom capital em caixa?
Quanto aos apelos para a arrecadação que vemos acontecer nos encontros, chega a ser insultante, vergonhoso. Descaradamente pedem e coagem os adeptos através de diversas formas, como campanhas, carnês, amuletos, livros, músicas e discursos, e assim por diante.
O que pensar dos membros adeptos, aqueles que são fiéis?
Será que eles não questionam se este proceder é correto?
Será que eles não leem o que Jesus nos ensinou nos evangelhos?
Será que eles são incapazes de entender a linguagem de Jesus (Jo 8:43)?
Será que eles preferem ficar passivos, acomodados, confortáveis, satisfeitos com o que eles estão comprando?
Este é o aspecto mais perigoso da fé humana. A aceitação passiva, sem questionamento, o que demonstra a ociosidade espiritual, o desinteresse ou descaso pela verdade, a falta de sede da salvação.
Como é possível que alguém que se aproxima de Deus não queira buscar a Verdade?
Como é possível que alguém que se aproxima de Deus não tenha sede de salvação?
Na verdade, o conhecimento de Deus desvirtuado e tendencioso está sendo negociado como produto de barganha, na forma de objetos, discursos e promessas, em troca de favores de Deus.
Quem vai a uma igreja, ou instituição religiosa em busca de favores de Deus ou está tão perdido nas suas necessidades, tão desesperado na sua angústia, ou é ignorante sobre quem é Deus.
Até mesmo as iniciativas sociais ou humanitárias, sob o lema de utilidade pública, são apenas programas para justificar uma maior arrecadação, uma maior necessidade de ampliação e expansão da sua ação proselitista, de construir mais e mais, de adquirir isto e aquilo. Não se deve descartar, inclusive, a probabilidade de igrejas estarem sendo meios recorrentes de lavagem de dinheiro, já que estão isentas do pagamento de impostos.
A que ponto de depravação chegou o cristianismo!
Vemos que a vontade de Deus foi, estrategicamente, deixada de lado e substituída pela ambição do homem.
Quem está à frente desse trabalho certamente não é Deus, mas o homem, usado pelo inimigo de Deus. Se Deus está fora dele, então, quem está nele? Me atrevo a responder com toda certeza que é o diabo, o maligno, aquele que tem todo interesse de sujar, de manchar a santidade do nome de Deus e ridicularizar o Evangelho de Seu filho Jesus.
Que estratégia, quase perfeita, de impedir a salvação das almas!
Ao fazer as pessoas darem mais importância para a instituição e seus líderes religiosos, ele as afasta de Deus. Na verdade, é ela quem está se colocando no lugar de Deus.
As práticas das igrejas são fatos que denunciam a sua apostasia. Cheias de falsos profetas levando a si mesmos e ao povo que os apoia, para o abismo (Mt 7:15,21; Jo 6:39-40).
A mensagem do Senhor para aqueles que buscam ardentemente a Verdade é clara: façam bolsas que não envelhecem, juntem tesouros nos céus, elevem seus corações ao tesouro celeste, vistam-se para não estarem nus, acendam suas candeias, sejam homens e mulheres que esperam no Senhor, preguem o Evangelho, curem os enfermos, ressuscitem os mortos, expulsem demônios, tudo de graça, como o receberam (Lc 12:33-37; Mt 10:7-8).
A condenação para quem pratica o pecado, sem dúvida, é a morte (Rm 6:23). A morte significa a extinção do espírito, isto é, o definhamento do espírito pelo sofrimento e dor inimagináveis ao ser humano, até à sua total inexistência.
A salvação das almas é a razão de existir da igreja do Senhor Jesus, o Salvador. Esta é a única e perfeita vontade do Pai
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[1] Leia o tópico Dons do Espírito.